Orlando Silva Jr. é um
jurista, sociólogo, ex-ministro do Esporte e, atualmente, é deputado federal
pelo PCdoB de São Paulo, cumprindo o seu segundo mandato na Câmara dos
Deputados. Recentemente, ele anunciou sua pré-candidatura à prefeitura da maior
cidade do país, pelo PCdoB, tornando-se, até agora, o único negro disputando o
Executivo da capital paulista, em 2020.
O Mídia 4P conversou com o
deputado sobre sua candidatura e sobre o seu atual papel no grupo de trabalho
da Câmara sobre o Pacote Anticrime do governo federal. Confira a entrevista a
seguir:
4P
– O senhor é o único pré-candidato negro, até o momento, na disputa à
prefeitura de São Paulo. Como interpreta isso? E o que um prefeito negro
significaria para a cidade?
Não me surpreenderei se for
o único candidato negro a prefeitura São Paulo. Infelizmente há poucos negros
em posição política de destaque. Na prática, a questão racial é menosprezada
pela maioria dos partidos. Meu partido, o PCdoB, dá peso a essa questão. Sou
presidente Estadual do Partido. Nossa deputada Estadual, Leci Brandão, é negra.
Os candidatos à prefeitura nas 3 maiores cidades do Estado (Capital, Campinas e
Guarulhos) devem ser negros. Precisamos de exemplos, de valorização de líderes
negros.
São Paulo já teve um
prefeito negro. Importa o projeto político. Quero ser prefeito pra cuidar da
periferia, da quebrada, do povo pobre, que é quem produz a riqueza dessa
cidade. Um prefeito negro, com o projeto popular, terá grande valor político,
no sentido de empoderamento da nossa gente. E terá grande valor prático, vamos
cuidar de quem mais precisa do poder público.
4P
– A Secretaria da Igualdade Racial da cidade de São Paulo foi extinta pela
gestão João Dória (PSDB-SP). O senhor pensa em reativá-la? Em linhas gerais,
como pretende inserir as questões de raça na gestão da cidade?Como o senhor
pensa em reduzir a desigualdade numa capital tão complexa como São Paulo?
É correto ter um órgão na
gestão pública que garanta a transversalidade da questão racial nas políticas
públicas. Há temas que impactam o povo negro em toda as áreas, é um órgão que
cuide disso deve ter papel de coordenação de todas as iniciativas: emprego e
renda; educação, saúde, cultura, etc.
São Paulo precisa dar sua
colaboração para o crescimento econômico do Brasil. A cidade tem forte
trajetória industrial mas o peso dos serviços cresce dia a dia. Creio que a
economia do futuro passa pela economia criativa e São Paulo pode ser vanguarda.
Enfrentar desigualdades de modo sustentável exige medidas estruturais da
educação e formação para o trabalho.
4P
– O senhor faz parte do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que tem agido
para desmontar o “Pacote anticrime” de Bolsonaro e de Sérgio Moro. O que este
pacote representa para o povo periférico e negro? Qual a chance, a seu ver, de
ser aprovado?
O chamado “Pacote Anticrime”
é um desastre. Não traz medidas efetivas para combater a violência, a corrupção
nem o crime organizado. Na verdade expressa uma lógica de encarceramento em
massa, que se abateriam sobre os jovens negros, pobres e periféricos.
Felizmente no GT nós
conseguimos excluir grande parte dos absurdos, tipo “barganha”, que acabava com
o processo penal e iria prender geral; ou excludente de ilicitude, que seria um
liberou geral, como denunciamos, uma licença para matar. Pode ser votado aí
devesse ano. E será uma guerra no Plenário, mas confio que essas aberrações
serão derrotadas.
Fonte: https://midia4p.cartacapital.com.br/
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