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quarta-feira, 29 de julho de 2020

Brasil se aproxima de 2,5 milhões de casos da covid e tem mais de 88 mil mortes


Os dados divulgados nesta terça-feira (28) pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) mostram que o Brasil já tem oficialmente 2.480.888 registros pessoas infectadas pela covid-19 desde que o novo coronavírus foi registrado pela primeira vez no país. Entre segunda (27) e terça-feira (28) 38.513 brasileiros receberam a confirmação de que estão com a doença.

O Distrito Federal se juntou a lista de unidades da federação com mais de 100 mil casos e contabiliza 100.726 infectados.Outros sete estados também fazem parte dessa relação: São Paulo (487.654), Ceará (165.550), Rio de Janeiro (159.639), Bahia (153.313), Pará (150.185), Minas Gerais (116.645) e Maranhão (115.988).

O número de mortes no Brasil soma agora 88.470 pessoas. Nas 24 horas entre segunda (27 e terça-feira (28), o registro de óbitos chegou a 852. A taxa de letalidade nacional está em 3,6%. No entanto, pelo menos cinco estados estão em situação pior. Os cenários mais preocupantes estão no Rio de Janeiro, em que a porcentagem chega a 8,2% e Pernambuco, com índice em 7.2%. São Paulo, Ceará e Pará também tem registros superiores à média nacional.

Em todo o mundo, já são mais de 16,5 milhões de infectados. Junto com Estados Unidos e Índia, o Brasil tem quase metade desses registros. Os óbitos globais ultrapassam 650 mil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos em todo o planeta praticamente dobraram nas últimas seis semanas.

O que é o novo coronavírus?

É uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos, os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

Fonte: Brasil de Fato

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Jilmar Tatto comandou a maior revolução tecnológica no transporte coletivo em SP


O pré-candidato a prefeito da cidade de São Paulo, Jilmar Tatto (PT) que foi Secretário dos Transportes das gestões de Marta Suplicy e Fernando Haddad, fez as maiores mudanças no sistema de transporte coletivo por ônibus urbano da capital paulista. Sem dúvida, os projetos permitiram a administração melhorar o planejamento do transporte com renovação da frota, construção de novos corredores, faixas exclusivas e novos terminais.

Sob seu comando fez uma grande revolução no transporte público da cidade, com a criação do Sistema Interligado, que começou a ser estruturado após a aprovação da lei 13.241, em dezembro de 2001 e é uma referência para o planejamento do transporte público, ao estabelecer fixação de contratos duradouros e uma nova relação com os operadores privados do sistema, obrigados a prestar serviços de qualidade, com novas tecnologias e renovação da frota.

Investimentos em novas tecnologias facilitou implantar BilheteÚnico que permitia os passageiros fazer várias integrações, em um intervalo de duas horas, com o preço de uma passagem. Tais mudanças permitiram que a classe trabalhadora, principalmente, das áreas periféricas pudesse circular com mais facilidade pela cidade.

A partir de 2002, o novo sistema permitiu a formação de consórcios e de cooperativas, que incluem operadores autônomos no sistema, como os alternativos (perueiros). A participação da sociedade em audiências públicas ajudou democratizar as decisões que garantiu melhorias necessárias a gestão da mobilidade como instrumento de desenvolvimento sustentado e inclusão social.

Até 2003, 5.868 veículos novos entrassem em circulação no Sistema Interligado de Transporte Coletivo: 2.377 veículos no subsistema estrutural e 3.491 veículos no subsistema local, no final de 2004, tinham 8 mil e, a idade média da frota, passou a ser de sete anos e dez novos terminais de ônibus, foram entregues à população.

No Sistema Interligado de Transporte, foram instalados 15 mil validadores eletrônicos em toda a frota de veículos coletivo estrutural e local. Também foram distribuídos 430 mil cartões eletrônicos de gratuidade para idosos até abril de 2004 e no final de março 500 mil estudantes receberam cartões que permitem o pagamento da tarifa com desconto.

Com o novo plano operacional de ações integradas houve queda sistemática nos índices médios de lentidão e o aumento da velocidade média nas vias de trânsito rápido, que antes era de 29 km/h, passou para atualmente de 32 km/h, sendo que eram removidos diariamente 835 veículos quebrados, com tempo médio de deslocamento até o local da interferência de 12 minutos. Estas foram algumas das ações comandadas por Jilmar Tatto no setor de transportes que beneficiam a população.

Por: Nailton Francisco de Souza, Secretário Nacional de Comunicação da Nova Central e Diretor Executivo do SindMotoristas – SP.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Em defesa do emprego Congresso derrubará vetos de Bolsonaro à Lei do Auxílio Emergencial


Na esteira dos vetos de Jair Bolsonaro na Lei 14.020/2020, oriunda da Medida Provisória (MP 936) que instituiu o Auxílio Emergencial, o enfoque da grande mídia tem sido quase exclusivamente voltado para a desoneração da folha de pagamentos, tema realmente importante, pois terá impacto negativo para segmentos econômicos e, consequentemente, para a manutenção dos empregos.

Os 17 setores beneficiados são responsáveis por 6 milhões de postos de trabalho. Um estudo feito pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), por exemplo, mostra que o setor cresceu vigorosamente entre 2011 e 2015, em virtude da desoneração, gerando a contratação de 95 mil profissionais.

A continuidade dessa política pode representar oportunidades para 303 mil pessoas, segundo a entidade, mas sua retirada abrupta pode significar o fechamento de 97 mil vagas. Já há grande convergência no parlamento para derrubar esse veto. Contudo, esse não foi o único ataque aos avanços que o Congresso conseguiu incluir no projeto. Como tem sido sua prática reiterada, o governo foi insensível às demandas mais sentidas dos trabalhadores e das representações sindicais.

Desde o início da tramitação da MP, ficou claro que o governo adotaria uma postura antissindical para fragilizar os trabalhadores nas negociações. Lutamos para que as entidades representativas fossem ouvidas na celebração dos acordos de redução de salário e de jornada, como prevê expressamente o artigo 7º, VI, da Constituição Federal. Mas o STF, lamentavelmente, autorizou que as medidas fossem tomadas em acordo individual.

Trabalhando em conjunto com as centrais sindicais, buscamos um mecanismo de proteção para categorias cujos acordos coletivos tivessem vencimento durante a situação de calamidade pública. Nada mais razoável: se é fato que há necessidade de medidas temporárias em benefício das empresas, como diminuição de jornada com redução de salários ou suspensão de contratos, por uma questão de isonomia deve-se observar o prolongamento dos acordos ou convenções coletivas dos trabalhadores pelo mesmo período.

É a chamada ultratividade, vital para que segmentos empresariais e governos não aproveitem a dificuldade de ação imposta pela pandemia aos sindicatos e centrais para retirar direitos historicamente adquiridos e que, por vezes, são tão importantes quantos os salários em certas categorias.

Houve intenso debate e a medida foi aprovada por maioria, uma conquista robusta na atual conjuntura. Nesse particular, o veto é uma covardia contra o trabalhador, que está impossibilitado de reagir. É como uma briga de dois contra um ou a luta de boxe em que um pugilista está amarrado ao corner. Afinal, como fazer assembleias, paralisações e greves para reivindicar direitos em situação de isolamento social?

O parlamento aprovou, por unanimidade, um auxílio emergencial de R$ 600 para os demitidos que, por ainda não cumprirem os pré-requisitos legais, não consigam obter o seguro-desemprego. Também concedemos o mesmo benefício para aqueles que estão saindo do seguro-desemprego, até porque o cenário do mercado de trabalho é de dificuldades para conseguir realocação. Os vetos nesses pontos criam discriminações a parte dos desempregados da pandemia e lhes negam o socorro de uma renda básica para a sobrevivência. É uma desumanidade.

Conseguimos inserir dispositivos que regravam e conferiam maior transparência na aferição e distribuição da participação de lucros e resultados para os trabalhadores. Mas Bolsonaro retirou da lei sob alegação de que a matéria é estranha ao escopo da MP e que gera renúncia de receita. Não é fato, o presidente quer apenas impedir conquistas dos empregados, por mínimas que sejam.

Vistos de conjunto, os vetos deixam claro que Bolsonaro nunca esteve preocupado com a economia ou com os empregos durante a pandemia. Seu governo só tem compromisso com os banqueiros e os empresários que financiam sua rede ilegal de fake news. Tal qual Justo Veríssimo, seu lema é: “quero que o pobre se exploda!”

Mas, desde o início da crise, 9 em cada 10 medidas de combate ao coronavírus foram originadas no parlamento, que tem demonstrado maturidade e exercido seu papel com altivez. Novamente será assim, com foco nos empregos e na renda para os que mais precisam, derrubaremos os vetos de Bolsonaro.

Por: Orlando Silva, deputado federal pelo PCdoB-SP.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Por que o capitalismo contemporâneo não consegue mais criar trabalho? Outro mundo é possível!


Porque o capitalismo segue existindo, mas não consegue mais criar trabalho? Por que passou a propagandear apenas reformas e a uma longínqua hipótese de empregos? Assim, o regime segue apenas mantendo controle sobre a maioria a quem continua esmagando e excluindo. O capitalismo agora impõe que o próprio trabalhador gere o seu trabalho (sujeito-empresarial) que passa a se oferecer ao mercado na expectativa de ser explorado para sobreviver.

Embora, a pandemia nos traga, de forma aflita, um conjunto de indagações, essa pergunta é anterior às questões do presente, onde as crises se acumulam como camadas sobrepostas. Antes, o capital empurrava a expansão colonial pelo mundo. Hoje, é a oferta de crédito que transformou a dívida em motor da exploração. É para quitá-la que se trabalha feito louco e se admite a exploração, na esperança que sobre algo para sobreviver. Hoje, no mundo, o total de dívidas (públicas e privadas) já é quase superior ao dobro dos PIBs das nações e funciona como motor da exploração.

O feudalismo e a escravidão nos levaram aos conflitos e às guerras. O Estado de Bem-Estar-Social (Welfare State) trouxe após a 2ª Guerra Mundial um alívio para aqueles do andar de baixo, enquanto aqueles do andar de cima seguiam ganhando. Porém, aos poucos o neoliberalismo voltou recuperar espaços e ampliar a concentração que cresceu enormemente no final do século passado. Apesar da racionalidade e da tal modernidade, o capitalismo, sob a hegemonia financeira, passou a explorar mais e cada vez mais. Na economia formal sobre cada vez menos e ainda mais intensamente dos demais na informalidade.

O capitalismo deixou de cobrar a mais-valia apenas de forma direta, com menores salários e através da informalidade. Paulatinamente, foi criando outros mecanismos de captura, como das rendas derivadas do trabalho (juros, alugueis, marcas, dividendos, auditorias e serviços jurídicos, etc.) como anti-valor ou capitalização para vampirizar a renda do trabalho.

Junto, também ampliou o uso do dinheiro como mercadoria indireta em meio à profusão do lançamento de papéis, títulos, debêntures, mercado de futuro, etc. num processo que ampliou o domínio financeiro sugando cada vez mais da economia real. O resultado isso é a maior espoliação que chega junto do maior contingente de sobrantes (“invisíveis”). Saskia Sassen vai chamar esse processo de "uma civilização excludente" que promove "expulsões" e brutalidade.

A isso hoje chamamos de hegemonia financeira no capitalismo contemporâneo, que passou a ser realizado mais sobre a acumulação de dinheiro como mercadoria, do que sobre a captura da renda direta sobre o trabalho remunerado, que se reduz a alguns poucos locais escolhidos, conforme o potencial de espoliação. (Sim, sem esquecer que emprego difere de trabalho)

O capitalismo além de gerar cada vez menos emprego, impõe que o próprio trabalhador gere o seu trabalho e o ofereça ao mercado para ser explorado, onde a maior parte da renda acaba vampirizada e subindo para o andar superior das altas finanças.

Os labirintos do capitalismo parece mostrar uma nova fase, não mais expansiva, mas uma etapa e de um capital com uma fase concêntrica, numa trajetória helicoidal, que mistura a exploração da mais-valia da produção material, com a captura conjunta do valor fictício, tudo em tempos mais curtos e maiores intensidade, deixando pelo caminho os sobrantes, tornando-os invisíveis.

Isso tudo não pode ser e nunca foi natural e sim fruto da produção social no território onde a vida se desenrola. É ainda interessante observar que esse processo traz no seu âmago, de forma embutida, a ideologia da individualidade e da competitividade. O mundo do cada um por si, conforme a competência e os méritos próprios que desprezam os pontos de partidas dos sujeitos em seus espaços só valorizando a chegada.

Quem reage a essa lógica é logo chamado de populista ou retrógrado. Ou ambos. É nesse percurso histórico, entre ciclos e crises que à ideia do marxismo cultural, ao terraplanismo como rechaço à ciência e às ideias da razão, da universalidade, da ciência e da consciência do processo histórico e dos interesses presentes na sociedade. Mas é essa relações de poder é que precisam ser alteradas, porque outro mundo é possível!


Por: Roberto Moraes, engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ).

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Imagem do Brasil derrete no exterior e salienta “crise ética e de falência de gestão” com Bolsonaro


A notícia de que o presidente Jair Bolsonaro contraiu a covid-19 deu a volta ao mundo, repercutindo nos principais veículos internacionais, que ressaltaram o histórico de declarações negacionistas do presidente brasileiro sobre a pandemia do coronavírus. Desde o início da crise sanitária, a cobertura sobre o comportamento de Bolsonaro, que defende que há um alarmismo sobre a pandemia e que o coronavírus é uma “gripezinha”, tem ganhado mais espaço no noticiário internacional e acelerado um desgaste da imagem do Brasil no exterior, segundo um estudo da consultoria Curado & associados.

O levantamento, que analisou as publicações de sete veículos internacionais de diferentes linhas editoriais, mostrou que essa percepção negativa do país piorou do primeiro trimestre para o segundo, e mostra uma “crise ética e de falência de gestão” do Governo. O tema da pandemia foi responsável por 68% do total da cobertura negativa no segundo trimestre, seguido pela cobertura da demissão do ex-ministro de Justiça Sergio Moro (10%) e da devastação da Amazônia (8%). O estudo mostra que a cobertura da gestão brasileira da covid-19 pela imprensa internacional cresceu 146% no segundo trimestre.

“A cobertura da crise sanitária agravou a percepção de um Governo irresponsável, de uma gestão sem liderança, cheio de declarações negacionistas sobre a doença. A notícia sobre o presidente ter testado positivo para o coronavírus, por exemplo, teve ampla cobertura pela forma desrespeitosa em que ele fez o anúncio”, diz Olga Curado sócia-fundadora da consultoria.

Após informar que tinha contraído a doença durante entrevista coletiva com jornalistas no Palácio da Alvorada, o presidente tirou a máscara que usava. O mandatário brasileiro também seguiu insistindo que a infecção pelo novo vírus só é perigosa para idosos e pessoas com doenças prévias. Entre os veículos pesquisados estão o francês Le Monde, a revista inglesa The Economist, a alemã Der Spiegel e a edição espanhola do EL PAÍS.

Desgaste por números alarmantes do desmatamento

A consultora ressalta, no entanto, que, desde o ano passado, as críticas sobre as políticas ambientais de Bolsonaro também permeiam bastante o noticiário e que vários veículos já projetam os impactos econômicos das ações do Governo. Em 23 de junho, por exemplo, três jornais, The Guardian, The New York Times e The Washington Post fizeram reportagens sobre alertas de “investidores de trilhões de dólares” ao Brasil pelas políticas de “desmantelamento” da Amazônia.

Naquele dia, instituições financeiras responsáveis pela gestão de mais de 4 trilhões de dólares enviaram uma carta ao Governo Bolsonaro avisando sobre o risco de retirada de investimentos no país caso não houvesse uma ações mais efetivas para controlar o desmatamento. Depois, o empresariado nacional aumentou o coro sobre o tema com um manifesto semelhante assinado por 38 companhias, entre elas pesos pesados como o Banco Itaú, o maior da América Latina, Santander, e empresas ligadas ao agronegócio, como o braço brasileiro da Cargill.

A pressão dos estrangeiros acendeu um alerta vermelho no Planalto, que marcou uma reunião por videoconferência com representantes dos fundos, na última quinta-feira, 9, comandada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, responsável pelo Conselho Nacional da Amazônia. Na sexta, foi a vez de Mourão receber o movimento brasileiro.

“Em nenhum momento investidores se comprometeram com investimento, eles querem ver resultados, querem ver a redução de desmatamento”, disse Mourão, após o encontro online com investidores. O vice-presidente brasileiro admite a necessidade de combater ilegalidades na Amazônia, mas defende, assim como Bolsonaro, que há um exagero na percepção sobre destruição da região.

“A floresta está em pé, muitos colocam que a floresta está queimando”, disse. Na mesma sexta-feira, 10, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou a maior alta de desmatamento para o mês de junho desde 2015, apesar de uma ação militar, comandada por Mourão, ter entrado na Amazônia em maio para combater o desmatamento.

No início do mês, em discurso na Cúpula do Mercosul, o mandatário brasileiro já tinha reclamado de “visões” no exterior que, segundo o seu entendimento, são “distorcidas” e não refletem o real esforço do Governo, sobretudo em temas como a defesa da região amazônica e o relacionamento com povos indígenas. Num esforço para continuar as negociações do acordo do bloco com a União Europeia, o presidente afirmou que seguirá o diálogo com diferentes interlocutores para desfazer essas opiniões.

Segundo fontes diplomáticas europeias consultadas pelo EL PAÍS, se os resultados práticos de redução dos índices de desmatamento não aparecerem rapidamente, há um risco do acordo entres os blocos não sair do papel.

Incerteza política

Para além do problema ambiental, a crise política no país e a agenda econômica diante da pandemia também preocupa investidores estrangeiros que, ao fim e ao cabo, paralisam potenciais recursos que poderiam ajudar o Brasil ainda mais neste momento de crise.

“Há uma forte incerteza política, saídas de ministros, discussões entre o Executivo, Congresso e governadores. Há até mesmo uma avaliação da condução de uma crise sanitária como essa. São coisas que os investidores ponderam no momento que decidem se vão investir em um país”, diz Martin Castellano, chefe da seção de América Latina do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).

Na avaliação de Castellano, há ainda muitas dúvidas sobre a capacidade que o presidente terá de retomar as pautas reformistas da equipe econômica. “Por conta da pandemia e motivos domésticos, as reformas ficaram de lado e perderam a prioridade. As restrições para seguir são mais desafiantes que antes”, diz. O próprio pacote de estímulo para combater os efeitos da crise sanitária, um dos mais ambiciosos da região, gera incerteza sobre o tamanho do rombo das contas públicas e o futuro fiscal do país, alerta Castellano.

As primeiras consequências no curto prazo já podem ser constatadas com o aumento da saída de capital estrangeiro, principalmente do setor acionário, mas também do investimento estrangeiro direto, segundo Castellano. A projeção da Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) é que o o volume de capital estrangeiro para o país só tende a começar uma retomada em 2022, ano eleitoral, e um desafio em dobro para Bolsonaro que sonha com a reeleição. A forte desvalorização do real frente ao dólar nos últimos meses também é um indício dessa desconfiança crescente em relação à economia brasileira.

Do ponto de vista diplomático, o desgaste da imagem do Brasil diante da pandemia, que matou mais de 72.000 pessoas no país, já acarretou na perda de representatividade nos fóruns internacionais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não convidou Bolsonaro para participar de debate multilateral sobre o enfrentamento à crise sanitária.

“Sempre houve uma tradição brasileira, que nem os governos militares conseguiram destruir, de uma diplomacia competente e profissional, de mediação”, explica Javier Vadell, professor de relações internacionais da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais. Mas, agora, segue Vadell, com o alinhamento do Brasil com Donald Trump, as gafes do presidente e membros do Governo com líderes mundiais e toda a atitude negacionista sobre a Amazônia e a pandemia, “a reputação do país está no chão”.

Mais publicidade para agenda positiva

Com a imagem do Brasil abalada por sucessivas crises e declarações, o Governo tenta reverter o quadro apostando em mais gastos em publicidade e relações públicas para fomentar uma agenda mais positiva do país. A Secretaria de Comunicação do Governo (Secom) pediu, no início de junho, a liberação ainda para este ano de 325 milhões de reais para publicidade e relações públicas ― mais que o dobro previsto no orçamento do início do ano ― e justificou o pedido de ampliação com o argumento da pandemia.

Segundo a Folha de S. Paulo, em um dos ofícios da Secom à Secretaria-Geral da Presidência, se argumenta que a repercussão negativa das ações do Governo está impactando a imagem do país e é necessário incentivar a “veiculação de pautas positivas” no Brasil e no exterior. Há ainda o pedido de liberação de 60 milhões para gastar em veículos no exterior.

“O Brasil tem sido citado de forma recorrente pelos principais jornais e agências de notícias internacionais, e críticas à atuação do governo no enfrentamento à covid-19 têm sido amplamente divulgadas”, diz o secretário-adjunto Samy Liberman em um dos ofícios encaminhados segundo a Folha de S.Paulo. Desde janeiro de 2019, a Secom está sem contrato para os serviços de relações públicas no exterior.

No Brasil, a imagem do presidente também sofre abalos. Segundo a pesquisa do Datafolha, feita no final de junho, a rejeição ao presidente atinge 44% dos brasileiros. A aprovação é de 32%, enquanto os que avaliam Bolsonaro como regular são 23%.

Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Coronel da PM diz que Bolsonaro é a antítese do que é um militar


Após reunião da diretoria da Associação de Oficiais da PM do Estado de São Paulo realizada quarta-feira (8/07), o coronel da reserva Glauco Carvalho renunciou ao cargo de vice-presidente da instituição por discordar da maioria dos demais associados, que apoiam o presidente Jair Bolsonaro.

Em carta entregue aos colegas, ele disse: "É a decisão mais coerente que eu poderia tomar. Se apregoo e defendo a democracia, nada mais justo e lícito que pedir minha saída, uma vez que o eleitorado da Associação de Oficiais é majoritariamente bolsonarista", afirmou.

Glauco comandou o policiamento da capital do Estado antes de passar para a reserva. Em janeiro, em entrevista ao Estadão, disse que se sentia envergonhado como militar diante de "tantas ações atabalhoadas, extravagantes, ridículas e mesquinhas" de Bolsonaro.

Na carta entregue aos colegas, o coronel volta à carga contra o presidente. "Convivi com um jovem deputado chamado Jair Messias Bolsonaro no inicio dos anos 90. Ele é a antítese do que é um militar na acepção lata da palavra", afirmou.

"Como todo espertalhão, prega a ordem, mas descumpriu a ordem estabelecida em normas legais no final dos anos 80. Como todo falastrão, defende o militarismo, mas foi um indisciplinado por excelência. Como todo estelionatário, prega moralismos, mas é useiro e vezeiro em transgredir preceitos éticos públicos. Como todo incauto, despreza e desdenha da doença e da dor alheias. Como todo insensato, cria confusões e disputas em torno de problemas que na realidade não existem. Como todo radical, agride verbalmente e ofende seus adversários. Como todo imaturo, não pode ser contrariado. Como todo estulto, quer valer-se das armas para depor os mecanismos pelos quais ele foi alçado ao poder. Como todo arrivista, quer o poder pelo poder", disse Glauco.

O coronel também criticou a aproximação de Bolsonaro com o 'centrão', afirmando que o Planalto hoje "depõe sua confiança em parte do estamento político contra o qual fez toda sua campanha", como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto. "Suas relações incestuosas com a família Queiroz são o retrato mais aparente da prática delituosa da família Bolsonaro", afirmou Glauco.

Segundo ele, a oficialidade cometeu "grave erro, um erro histórico" devido a integrantes que, "por um engodo, tem feito uma opção que julgo não ser a mais adequada". "Temos que analisar o quadro desprovido das lentes da ideologia, que esse governo tanto apregoa. Não podemos agir como torcida organizada. O fim do campeonato nem sempre pode nos ser benéfico".