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terça-feira, 31 de maio de 2022

Correção da tabela do IR é mais uma promessa não cumprida de Bolsonaro

Mais de três milhões de contribuintes ainda não haviam entregue a declaração do Imposto de Renda nesta segunda-feira (30), véspera do prazo final. Em 2022, apesar das promessas de Jair Bolsonaro, a tabela não foi reajustada novamente. A última correção ocorreu em 2015, no começo do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, quando o reajuste foi escalonado para distintas faixas de renda.

Nestes sete anos sem atualização, cada vez mais pessoas foram perdendo a isenção ou progredindo para faixas em que precisam pagar mais imposto. Enquanto a inflação acelera, os recortes de renda permanecem nos valores de 2015. A defasagem até o ano passado, calcula a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), é de 134,53% desde 1996.

Levantamento da entidade mostra que a tabela do IR atingiu, em três anos e meio de desgoverno Bolsonaro, a maior defasagem desde a criação do Plano Real: 24%. O menor índice foi com Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo mandato: 2,48%. Segundo a Unafisco, 15 milhões de pessoas foram prejudicadas neste ano por conta da falta de reajuste.

Caso houvesse a atualização integral da tabela do IR/2022, a isenção da declaração se estenderia para quem possui renda de até R$ 4.465. No ano-calendário 2022, o número de contribuintes isentos é previsto em 8,28 milhões — do total de 33,5 milhões de declarantes. Conforme os cálculos da Unafisco, com a correção integral da tabela, o número total aumentaria para 23,75 milhões.

Pelos cálculos da Unafisco, ao não corrigir a tabela do IR mais uma vez, o desgoverno Bolsonaro “confiscará” cerca de R$ 48 bilhões dos trabalhadores e aposentados neste ano por meio da tributação de seus rendimentos. Mauro Silva, presidente da Unafisco, diz que quem mais arca com o ônus é a classe média assalariada.

“Hoje, com esse nível de renda, nós temos cerca de 8 milhões de isentos. Com a correção integral teríamos 23,750 milhões de pessoas que não pagariam o IR”, explica o dirigente. “Isso significa que temos mais de 15 milhões de contribuintes que estão pagando Imposto de Renda indevidamente, porque não foi feita a correção integral pelo IPCA.”

Promessa não cumprida faz desigualdade aumentar

Levantamento do Conselho Regional de Contabilidade do Rio (CRCRJ) estima que os contribuintes com ganhos de até cinco salários mínimos têm um prejuízo com a defasagem na tabela de até R$ 5 mil por ano. Conforme o estudo, esses contribuintes não só continuaram pagando o imposto como o desconto mensal do IR foi de R$ 222, em 2018, para R$ 464 neste ano.

Caso a tabela tivesse sido atualizada anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde 2015, o contribuinte com renda mensal de três salários mínimos teria recebido em torno de R$ 2,6 mil a mais na conta nos últimos seis anos, entre 2016 e 2021. Com quatro mínimos, a perda ultrapassa R$ 5 mil, e chegaria ao total de R$ 7.661 se o contribuinte recebeu mais de cinco salários-mínimos por mês.

“O que causa preocupação com a ausência de reajuste na tabela é que a faixa de isentos diminui cada vez mais, penalizando aqueles com rendas mais baixas”, comenta Samir Nehme, presidente do CRCCRJ. “Os contribuintes que não tiveram ganhos reais, devido à inflação, pagam ainda mais impostos. Esse contexto é mais uma causa de aumento da desigualdade”, critica Nehme.

Uma nova correção da tabela do IR foi promessa de campanha do então candidato Jair Bolsonaro em 2018. Em abril, ele tocou no assunto em entrevista à CNN Brasil durante passagem por Guarujá (SP). “Conversei há pouco com o Paulo Guedes. Ele quer sim. Estamos perseguindo desde o começo a questão do Imposto de Renda, a tabela que não é reajustada. Ele pretende anunciar para o ano que vem”, prometeu.

A fala de Bolsonaro ocorreu poucos dias após Luiz Inácio Lula da Silva mencionar sua proposta de reforma tributária em evento com Geraldo Alckimin e sindicalistas. “Vamos ter que fazer uma reforma tributária que leve em conta que quem ganha mais tem que pagar mais. Uma reforma que não permite que a pessoa que viva com seu salário de 3, 4 mil reais, ao comprar um produto, pague o mesmo que paga o presidente de um banco”, defendeu o presidente mais popular da história.

Dados do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) apontam que nos primeiros quatro anos de Governo Lula, a defasagem do IR ficou em 7,5%. Lula, então, estabeleceu um reajuste fixo anual da tabela de 4,5%, e no segundo mandato a defasagem foi a menor da era pós-Plano Real: só 2,48%.

A sucessora, Dilma Rousseff, manteve as correções e fechou o primeiro mandato com defasagem de 6,53% e o segundo, até o impeachment, de 4,8%. Nem o ilegítimo Michel Temer nem o descumpridor de promessas Bolsonaro reajustaram 1% sequer. Nos 13 anos de governos petistas, a tabela do IR teve reajuste de 69%, contra 17,5% nos anos de FHC e zero com Temer e Bolsonaro.

Fonte: https://pt.org.br/correcao-da-tabela-do-ir-e-mais-uma-promessa-nao-cumprida-de-bolsonaro/

Datafolha: 48% reprovam governo Bolsonaro; aprovação é de 25%

Levantamento do Instituto Datafolha divulgado no final da noite desta quinta-feira (26/5) pelo site do jornal "Folha de S.Paulo" mostrou que 48% dos entrevistados consideram o governo de Jair Bolsonaro ruim ou péssimo. Na pesquisa anterior, em março, o índice de reprovação era de 46%. A oscilação está dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 2% para mais ou para menos. 25% aprovam a gestão.

Veja os resultados da pesquisa:

Ótimo/bom: 25% (25% no levantamento de março; 22% em dezembro)

Regular: 27% (28% no levantamento de março; 24% em dezembro)

Ruim/péssimo: 48% (46% no levantamento de março; 53% em dezembro)

Não sabe: 1% (1% no levantamento de março; 1% em dezembro)

A pesquisa ouviu 2.556 pessoas com 16 anos ou mais nos dias 25 e 26 de maio em 181 cidades brasileiras. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Bolsonaro segue como presidente com a pior avaliação em igual tempo de mandato entre todos os presidentes eleitos após a redemocratização do país. Veja a comparação:

José Sarney (Março de 1989) *

Ótimo/bom: 7%

Regular: 28%

Ruim/péssimo: 62%

Não sabe: 3%

* Pesquisa realizada em apenas dez capitais

Fernando Henrique Cardoso (maio de 1998)

Ótimo/bom: 31%

Regular: 43%

Ruim/péssimo: 24%

Não sabe: 2%

Lula (Maio de 2006)

Ótimo/bom: 39%

Regular: 37%

Ruim/péssimo: 22%

Não sabe: 1%

Dilma (Maio de 2014)

Ótimo/bom: 35%

Regular: 38%

Ruim/péssimo: 26%

Não sabe: 1%

Veja mais pesquisas do Datafolha:

37% dos eleitores de Ciro têm Lula de 2ª opção; 10% indicam Bolsonaro

69% estão totalmente decididos em quem votar para presidente

Pesquisa estimulada de intenções de voto no 1º turno

Outras pesquisa do Datafolha divulgada na tarde desta quinta-feira (26) mostrou os índices de intenção de voto para a eleição presidencial de 2022. Lula lidera a corrida presidencial, segundo o levantamento (veja mais detalhes aqui). Veja o resultado:

Pesquisa estimulada de intenções de voto no 1º turno

Lula (PT): 48%

Jair Bolsonaro (PL): 27%

Ciro Gomes (PDT): 7%

André Janones (Avante): 2%

Simone Tebet (MDB): 2%

Pablo Marçal (Pros): 1%

Vera Lúcia (PSTU): 1%

Em branco/nulo/nenhum: 7%

Não sabe: 4%

Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (UP), Eymael (DC), Luciano Bivar (UB) e General Santos Cruz (Podemos) não pontuaram.

O instituto também pesquisou os votos válidos no primeiro turno - excluídos os brancos e nulos. Pelo percentual, Lula venceria no primeiro turno se a disputa fosse hoje.

Votos válidos

Lula (PT): 54%

Bolsonaro (PL): 30%As mulheres (51%) reprovam o governo de Bolsonaro mais do que os homens (45%). Outros índices elevados de reprovação: funcionários públicos (61%), moradores do nordeste (55%) e brasileiros com ensino superior (54).

Evangélicos (35%), empresários (48%), entre os que ganham de 5 a 10 salários (35%) e entre os que ganham mais de 10 salário (45%) são as faixas que mais aprovam o atual presidente.

Entre pessoas que recebem o auxílio ou moram com beneficiários do programa, a aprovação do governo fica em 19%. Neste recorte, a reprovação é de 45%.

A comparação entre as pesquisas de maio e março demonstra variação na taxa de reprovação entre pessoas de 45 a 59 anos, com um salto de 43% para 50%, e na faixa dos que têm renda familiar entre dois e cinco salários mínimos, de 40% para 49%.

Fonte: https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/pesquisa-eleitoral/noticia/2022/05/27/datafolha-aprovacao-reprovacao-governo-bolsonaro.ghtml?fbclid=IwAR2t7OPuKmSdvv2J0KhsO5Qmq8CdGM4CFErYCVvO1SboDtn4Drvpmt_OUN4

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Lula abre 21 pontos sobre Bolsonaro no 1º turno e o Brasil voltará a ser admirado e respeitado por outros países

Datafolha, divulgado quinta-feira (26), mostra o ex-presidente Lula, com 21 pontos de diferença sobre Jair Bolsonaro (PL) já no primeiro turno. Dados da pesquisa mostram que o ex-presidente lidera as intenções de votos com 48%, e seu adversário com 27%. A poucos meses da eleição, com uma rejeição recorde e economia em frangalhos a tendência de Bolsonaro reverter o quadro é difícil. Isso a poucos meses da eleição presidencial, que promete esquentar cada dia mais e aumentam as chances de Lula vencer a eleição no primeiro turno.

Os eleitores começaram a identificar que antes do golpe de 2016 do capital contra o trabalho, em que os poderosos usurparam o poder da presidenta Dilma Rousseff (PT), o Brasil era uma Nação admirada e respeitada internacionalmente por implantar políticas públicas de combate à pobreza e superação das desigualdades sociais.

Passaram a entender que os bons tempos ficaram no passado, o obscurantismo e retrocessos nos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, passaram a ser uma triste realidade para milhões de brasileiros e brasileiras nos governos Michel Temer (MDB) e Bolsonaro (PL), que governam só para os ricos e poderosos.

E compreenderam que a ofensiva insana deles, sobre os direitos da classe trabalhadora atingiu também os aposentados; a educação e saúde da população mais vulnerável, que passaram a conviver com o aumento da miséria, desemprego em grande escala, arroxo salarial, disseminação do ódio e violência, dentre outras mazelas.

O povo brasileiro não é bobo, e entenderam que o que aconteceu nos últimos anos não foi apenas uma troca de governo e, sim, um plano arquitetado para interromper um ciclo de desenvolvimento com inclusão social e respeito a maioria da sociedade, responsável direta pela produção de riquezas através do trabalho.

Pesquisa como esta aponta que em outubro teremos a grande oportunidade de dar a grande resposta que nossos inimigos merecem. Através de nossa escolha seremos capazes de reescrever nossa história e trilharmos no caminho rumo a prosperidade, com justiça social, com melhores e mais empregos e educação de qualidade para todos.

Sem medo de ser feliz, vamos votar em Lula presidente e Fernando Haddad governador em São Paulo.

Por: Nailton Francisco de Souza, diretor Executivo do SindMotoristas – SP e diretor Nacional de Relações Sindicais da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).

Fome recorde: mais de um terço não tem dinheiro para comer no Brasil

O número de brasileiros sem dinheiro para alimentar a si ou a família cresceu no último ano, segundo pesquisa feita pela FGV Social. A insegurança alimentar passou a atingir 36% da população em 2021, resultado recorde desde 2006, quando a série histórica começou.

Esse índice cresceu ao longo dos anos. Em 2014, 17% da população se encontrava em situação de insegurança alimentar. Em 2019, ano anterior à pandemia de Covid-19, a fome já atingia 30% da população.

Também é a primeira vez em mais de 15 anos que a fome ultrapassa a média mundial. Antes e durante o período de pandemia, a insegurança alimentar no Brasil ficou 4,48 pontos percentuais acima da média de todos os 120 países pesquisados.

No ranking dos países com maior percentual da população sem dinheiro para comprar comida, o Brasil ocupa a 63ª posição.

Segundo Marcelo Neri, economista e diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV, os dados mostram uma ineficácia das políticas públicas nos últimos anos. “É uma conclusão empírica, a parcela de brasileiros que não teve dinheiro para alimentar a família bateu recorde. A desigualdade aumentou, sugerindo a ineficácia relativa de ações nacionais”, afirma.

Os mais pobres são os mais prejudicados

A fome aumentou 22 pontos percentuais entre os 20% mais pobres do Brasil durante a crise de Covid-19, passando de 53%, em 2019, para 75%, em 2021. O país se aproximou do Zimbábue, que tem o maior nível de insegurança alimentar (80%).

Por outro lado, a insegurança alimentar no grupo dos 20% mais ricos teve queda de três pontos percentuais, caindo de 10% para 7%. Índice parecido com o da Suécia, país com o menor nível de fome (5%).

Na comparação com a média global de 122 países em 2021, os brasileiros mais pobres têm 27 pontos percentuais a mais de insegurança alimentar. Já os mais ricos apresentam 14 pontos percentuais a menos.

As expectativas de Marcelo Neri para o cenário atual são preocupantes. “A estagflação, que combina altas taxas de inflação e de desemprego, tem sido pior para os pobres e deve piorar. É uma situação parecida com a da recessão de 2015 e 2016. Os números são similares, só que hoje partimos de um cobertor já curto, sendo que o cobertor dos pobres, que já era menor, encolheu mais ainda”, afirma.

As mulheres são mais afetadas que os homens

O nível da fome entre mulheres subiu 14 pontos percentuais entre 2019 e 2021, atingindo 47% do grupo. Já a insegurança alimentar afeta 26% dos homens, depois de ter sofrido no período queda de um ponto percentual. No Brasil, a diferença entre gêneros da insegurança em 2021 é seis vezes maior do que a média global.

“A recessão trabalhista foi mais forte para as mulheres que cuidaram das crianças em casa sem escola ou merenda. Fora a questão de gênero que já era grave, ou seja, agravamos um problema que já tínhamos”, analisa Neri.

A insegurança alimentar entre as mulheres afeta também as crianças. “Aquelas entre 30 e 49 anos, [grupo] onde o aumento foi maior, tendem a estar mais próximas das crianças e gerando consequências. A subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais”, explica o economista da FGV.

Fonte: https://noticias.r7.com/economia/fome-recorde-mais-de-um-terco-nao-tem-dinheiro-para-comer-no-brasil-26052022?fbclid=IwAR0cbnozyQCq8_fvxYtogvwxbCkcvZRqzpMC_2qTQoMVhK5DmlLKhewUrJ8


segunda-feira, 23 de maio de 2022

Orçamento secreto para compra de caminhões cresceu mais de 800%

Ministro Ciro Nogueira destinou R$ 240 mil para a compra de um caminhão de lixo fornecido pela empresa de uma amiga, Carla Morgana Denardin, dona do Grupo Mônaco Diesel Caminhões, Ônibus e Tratores. Ltda.

Entre 2019 e 2022, o orçamento secreto para compras de caminhões de lixo com recursos do governo federal aumentou 833%, passando de R$ 24 milhões para R$ 200,2 milhões. O número de veículos comprados saltou de 85 para 453 - alta de 532%, segundo reportagem do Estadão, publicada neste domingo (22). Ao analisar 1,2 mil documentos referentes à aquisição desses veículos, o jornal encontrou suspeitas de sobrepreço de R$ 109,3 milhões. A diferença dos preços de compra de modelos idênticos, em alguns casos, chegou a 30%.

Em outra reportagem publicada nesta segunda (23), o jornal mostra que, por meio de emendas do relator, sem transparência e sem que o nome do parlamentar conste no documento, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), destinou R$ 240 mil para a compra de um caminhão de lixo fornecido pela empresa de uma amiga, Carla Morgana Denardin, dona do Grupo Mônaco Diesel Caminhões, Ônibus e Tratores Ltda, para uma cidade pequena que não comporta esse tipo de equipamento.

A emenda de Nogueira, senador licenciado, garantiu a compra de um caminhão compactador de lixo para atender a cidade de Brasileira (PI), que tem 8.364 habitantes. O equipamento é desaconselhado para municípios com menos de 17 mil habitantes por causa do alto custo, segundo especialistas. O ideal, nesses casos, seria caminhão basculante.

Com Bolsonaro, clientelismo político está em alta 

Desde que Ciro virou ministro, a empresa de Carla ampliou a venda de veículos compactadores de lixo para o governo federal e já conseguiu um contrato no valor de R$ 11,9 milhões com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

O presidente da Codevasp é Marcelo Moreira Pinto. Foi indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) e por Ciro Nogueira. A Codevasf está envolvida em vária denúncias de corrupção.

Comandada pelo Centrão, Codevasf gasta R$ 3 bilhões sem comprovação de obras

O que é o orçamento secreto?

O esquema do orçamento secreto, criado em 2019 por políticos do Centrão e pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), favorece aliados com verba em troca de apoio em votações, evitando, inclusive, que eventuais pedidos de impeachment sejam analisados.

Só Arthur Lira, um dos líderes do Centrão, que mandou milhões dessas emendas para aliados do seu estado comprarem, e ainda com superfaturamento, coisas como kits de robótica para escolas sem internet e sem água, segurou mais de 100 pedidos de impeachment.

Orçamento secreto de Bolsonaro e do centrão é via para corrupção. Entenda por quê

Bolsolão do Lixo

De acordo com as reportagens do Estadão, assinada pelos jornalistas André Shalders, Julia Affonso e Vinícius Valfré, o esquema, que já está sendo chamado nas redes sociais de Bolsolão do Lixo, abastece pequenas cidades de redutos eleitorais de aliados do governo, funciona por meio de órgãos controlados pelo Centrão como a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e principalmente a Codevasf.

Por meio de emendas do relator, o dinheiro é remetido a apadrinhados políticos, que fazem licitações em muitos casos com preços superaturaados, como foi o caso dos kits robótica de Alagoas e dos caminhões de lixo.

No caso dos caminhões, a entrega do veículo geralmente é feita em atos políticos com a presença dos parlamentares, como fez Fernando Collor de Mello (PTB) em Minador do Negrão, no interior de Alagoas, em agosto de 2021.

"Em Minador do Negrão, na festa de 59 anos da cidade, anunciei a pavimentação asfáltica do centro da cidade até o Povoado Jequiri, um sonho antigo que finalmente sai do papel. Entreguei também um caminhão compactador de lixo, um tratador e anunciei mais de R$ 850 mil para a Saúde", escreveu o senador junto com fotos em frente ao caminhão de lixo.

Segundo a reportagem, caminhões são destinados a pequenas cidades sem qualquer plano para construção de aterros sanitários, como determinado em lei. Em cidades, como Minador do Negrão, o caminhão é muito maior que a capacidade de produção de lixo. Com 15 metros cúbicos, o município leva dois dias para encher a caçamba do veículo, que custou R$ 361,9 mil.

Desde 2019, o governo já destinou R$ 381 milhões para essa finalidade.


quinta-feira, 12 de maio de 2022

Desmentindo Bolsonaro: picanha é 13 vezes mais cara no Brasil do que no Canadá

Nesta quarta-feira (11), o presidente mais inapto da história do Brasil, Jair Bolsonaro, proferiu mais uma de suas mentiras costumeiras ao comparar o preço da picanha no Canadá e no Brasil, em uma tentativa esdrúxula de fazer o brasileiro engolir a inflação e o preço absurdo da carne no país.

Em vez de se preocupar em combater a estagflação e a fome, Bolsonaro e seu gabinete ocupam-se em tentar convencer a população de que os valores abusivos de alimentos e combustíveis no Brasil são menores do que os praticados no resto do mundo. É mentira, e a declaração causou indignação dos usuários nas redes sociais tamanho o seu absurdo.

Como sabemos, criar cortinas de fumaça é uma das maiores habilidades de Jair (que tem poucas). Dessa vez, ele deve estar tentando desviar o foco de sua inabilidade em lidar com a alta do preço dos combustíveis, que castiga o brasileiro desde que ele assumiu, e vem piorando ao longo do tempo. Mas, como a gente não trabalha com fake news, vamos falar um pouco sobre essa comparação.

O salário mínimo

Não existe comparação justa sobre esse assunto sem analisarmos o salário mínimo nos dois países e também o poder de compra. Lembrando que quem trabalha lá, recebe e compra em dólares canadenses. Nós recebemos e compramos em real, então a conversão de preços só estabelece uma comparação fiel das duas realidades se levar em consideração também os salários.

O salário mínimo no Canadá é calculado por hora e varia entre as províncias. Hoje, está numa média de $ 15 CAD a hora, contra R$5,51/ hora, no Brasil. Sendo assim, quem recebe um salário mínimo no Canadá, ganha $ 2400 CAD no mês. No Brasil, o mínimo está estabelecido em R$1.212.

A picanha é um corte que se popularizou no Canadá recentemente, enquanto no Brasil a tradição da picanha nos churrascos de fim de semana deixa saudade. No Twitter, diversos usuários postaram fotos, no mesmo dia em que o presidente fez a declaração mostrando que o quilo da picanha brasileira no Canadá está custando cerca de $CAD 12, em média. Convertendo (o que não é o certo a se fazer), a picanha custaria R$ 40,68 no Canadá. O preço médio do quilo da picanha comum no Brasil (não aquela de R$1800 o quilo, consumida pelo presidente) é de R$80. Ou seja, mesmo convertendo, os preços aqui são muito superiores.

Vale lembrar que o consumo de carne bovina no Brasil, em 2021, foi o menor em 25 anos, por causa dos altos preços do item. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que o consumo chegou a 26,5 quilos por habitante em 2021, um recuo de 40% na comparação com 2006, quando eram consumidos 42,8 quilos por habitante, o maior valor da série.

Se convertermos o salário mínimo canadense em reais, teremos $ 2400 CAD X 3,94 (cotação do dólar canadense em relação ao real), o que daria R$ 9464,45, um valor quase oito vezes superior ao salário mínimo brasileiro. O salário mínimo canadense consegue comprar 200 quilos de picanha, enquanto o salário mínimo brasileiro consegue comprar apenas 15,15 quilos de picanha. Ou seja: o salário mínimo canadense compra 13,2 vezes mais quilos de picanha do que o brasileiro.

E já que ele quer esconder: vamos falar de gasolina. O valor do litro da gasolina em Toronto está em $ 2,11 CAD, dados de maio deste ano. No Brasil, o litro custa em média R$7,29. Se convertermos para o real, o valor do litro lá fica um pouco acima do daqui. Mas veja o poder de compra. Encher um tanque de 40 litros de gasolina lá custa, em média, $ 84,40 CAD. Aqui, um tanque com a mesma capacidade sai por R$ 291,60, em média. Para encher esse tanque, uma pessoa que ganha um salário mínimo no Canadá precisaria trabalhar 5,6 horas. Por aqui, são necessárias 52,9 horas de trabalho para encher o mesmo tanque ganhando um salário mínimo. É por isso que temos a 3ª gasolina mais cara do mundo.

Poder de compra

Agora, vamos entender o poder de compra, que é a capacidade que temos em adquirir bens e serviços com a moeda do país. Hoje, um litro de leite custa em média R$ 5,61. No Canadá, esse valor é de $ 2,37 CAD. Fazendo as contas, uma pessoa que recebe salário mínimo no Canadá tem que trabalhar 10 minutos para comprar um litro de leite. No Brasil, quem recebe um salário mínimo, tem que trabalhar UMA HORA para comprar um litro de leite. Percebem a diferença? A inflação está corroendo nosso poder de compra e é totalmente desonesto comparar a realidade do Brasil com a do Canadá.

Outro argumento muito usado por Bolsonaro é que “a crise é global”. Vejam só, Portugal é um país da Europa, que também passa por efeitos devastadores por causa da pandemia e sofre consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Vejam esses vídeos comparativos. Com 10 reais, hoje, você consegue comprar no máximo um pacote de feijão. Em Portugal, com 10 euros ( R$ 53,40), é possível comprar arroz, sardinha, vinho, pão de forma, um pacote de bolacha Maria, um pacote de feijão, uma garrafinha de polpa de tomate, um pacote de macarrão, óleo, açúcar, farinha de trigo e asinhas de frango. O salário mínimo em Portugal é de 740,83 euros (ou R$ 3952).

A inflação tem castigado muito os brasileiros, independentemente das mentiras de Bolsonaro, é possível ver isso claramente ao entrar no supermercado. A inflação acumulada da cenoura nos últimos 12 meses foi de 178,02%; a do tomate foi de 103,26% e a da batata foi de 63,40%. Isso em meio a um índice altíssimo de desemprego e sem aumento real do salário mínimo. Realmente está impossível fechar as contas do mês para a maioria da população e, por isso, temos visto a volta de uma situação que havia sido superada no Brasil, nos governos Lula e Dilma, a volta da fome.

Hoje, mais da metade da população brasileira está em situação de insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave. São 19 milhões de pessoas passando fome (ou seja, ficando mais de 24 horas sem ingerir alimento algum), de acordo com dados da Rede PENSSAN.

Esses brasileiros têm como companhia o ronco do estômago vazio e o desespero de uma existência sem dignidade. Para eles, não existe altos gastos em cartão corporativo, nem picanha a R$ 1800 o quilo. Comer carne é um luxo que a maioria não tem. Nem as melhores mentiras do presidente podem esconder a responsabilidade de Jair por toda essa tragédia. E ele segue lavando as mãos.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Diretor Nacional de Relações Sindicais da NCST participa de lançamento do Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil



O ato solene de lançamento do “Vamos Movimento Juntos Pelo Brasil” aconteceu no sábado (7), no Expor Center em São Paulo e teve a participação de 4 mil pessoas e inúmeras lideranças partidárias, religiosas, sociais, artistas, intelectuais, sindicais e outros, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) e o ex-governador SP, Geraldo Alckmin, pediram união para restaurar o Brasil da atual crise.

Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor Nacional de Relações Sindicais da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), representou oficialmente à instituição e teve presença garantida no palco do evento, que começou com um vídeo da estudante Anice Lawson, do Benin, que se encontrou com Lula em novembro do ano passado, em Paris, e agradeceu pelo convênio que permitiu que ela estudasse no Brasil e se formasse em Ciências Políticas.

Outros registros foram exibidos no telão: donas de casa comentando a dificuldade do Brasil nos dias de hoje, uma música do Maderada Brasil para Lula, o depoimento da catadora Aline Souza, um registro sobre a história do PT, vídeos com declarações de lideranças indígenas e jovens da periferia.

No início da cerimônia, os apresentadores do evento, Paulo Miklos e Lika Rosa, chamaram ao palco os representantes dos sete partidos que compõem o Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil: Gleisi Hoffmann (PT), Carlos Siqueira (PSB), Juliano Medeiros (Psol), Luciana Santos (PC do B), Wesley Diógenes (Rede), Luizão (Solidariedade) e José Luiz Penna (PV), além de diversos outros políticos, artistas, intelectuais e representantes de movimentos sociais.

Em seu discurso, feito à distância após um diagnóstico de Covid-19, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), falou sobre a necessidade de uma união nacional para recuperar o Brasil do momento de crise econômica e social em que o país está afundado.

“Quando o presidente Lula me estendeu a mão, eu vi nesse gesto muito mais do que um sinal de reconciliação entre dois adversários históricos. Vi um verdadeiro chamado à razão. E é à razão de todos vocês que me dirijo neste momento. Pensemos nas disputas do passado e pensemos na união de hoje. O que é que mais importa?”, perguntou ele.

O momento mais emocionante aconteceu quando Rosângela Janja da Silva, a noiva do ex-presidente, tomou a palavra para apresentar a ele seu presente de casamento. Ela contou da viagem que ele fizeram ao Rio Grande do Norte, no ano passado. “Você se emocionou com o jingle de 1989 e falou que nunca mais ia ter a mesma emoção daquela campanha. Então eu e o (Ricardo) Stuckert fizemos esse presente para você”, disse.

No telão, começou um vídeo com diversos cantores e cantoras, como Pabllo Vittar, Chico César, Martinho da Vila, Gilsons, Duda Beat, Lenine, Zélia Duncan e Paulo Miklos, entre outros, cantando uma versão atualizada do jingle “Sem Medo de Ser Feliz”, que correu o país na primeira eleição livre do país após a ditadura, em 89.

Por fim, Lula começou seu discurso, destacando seu passado e legado ao longo dos oito anos que governou o país e nos anos da presidenta Dilma. Também falou sobre as dificuldades de reconstruir o Brasil após os anos desastrosos do atual governo.

“No nosso governo, promovemos uma revolução pacífica neste país. O Brasil cresceu, e cresceu para todos. Combinamos crescimento econômico com inclusão social. O Brasil se tornou a sexta maior economia do planeta, e, ao mesmo tempo, referência mundial no combate à extrema pobreza e à fome. Deixamos de ser o eterno país do futuro, para construirmos nosso futuro no dia a dia, em tempo real”, disse ele.

Ele pediu a união de todo o Brasil. “É preciso mais do que governar, é preciso cuidar. E nós vamos outra vez cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e mulheres de todas as gerações, todas as classes, todas as religiões, todas as raças, todas as regiões do país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania”, declarou.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Pesquisa Ipesp: Lula tem 44% das intenções de voto no 1º turno e venceria 2º com 54%

O ex-presidente Lula (PT) lidera a corrida pela Presidência da República e teria 44% dos votos se as eleições fossem hoje, de acordo com a nova rodada da pesquisa Ipespe contratada pela XP Investimentos,  divulgada nesta sexta-feira (6).

O segundo colocado é o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 31%, nesta simulação em que os entrevistadores mostram um cartão com os nomes dos candidatos. Em seguida vêm o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), com 8%, o ex-governador de SP João Doria (PSDB), com 3%, e o deputado federal André Janones (Avante-MG), com 2%).

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o cientista político Luiz Felipe d'Avila (Novo) têm 1% cada. A sindicalista Vera Lucia (PSTU), o ex-deputado José Maria Eymael (DC) e o deputado Luciano Bivar (União Brasil) não pontuaram. Brancos e nulos somam 8% e não sabem ou não responderam 2%.

Segundo turno

Em todas as simulações de segundo turno feitas pelo Ipespe, Lula vence as eleições que serão realizadas em outubro deste ano. Confira os cenários simulados:

Cenário 1

. Lula – 54%

. Bolsonaro - 34% 

. Nenhum, branco e nulo: 12%.

Cenário 2

Lula - 52%

- Ciro - 25%

- Nenhum, branco e nulo - 23%.

Cenário 3

- Lula - 55%

- Doria - 19%

- Nenhum, branco e nulo - 26%.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa Ipespe foi realizada no período de 2 a 4 de maio de 2022.

Foram feitas 1.000 entrevistas via telefone.

A margem de erro máximo estimada é de 3.2 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95,5%.

A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-03473/2022.

Sobre o Ipespe

O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) é uma empresa de pesquisas fundada em 1986 e com sede no Recife. O instituto geralmente faz pesquisas eleitorais por telefone. Operadores ligam para eleitores selecionados conforme a distribuição de todo eleitorado brasileiro e os questionam sobre suas preferências eleitorais.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Com LULA na Presidência da República o Brasil pode voltar aos bons tempos!

Nos governos: Michel Temer (MDB) e Bolsonaro (PL), a inflação oficial cresceu de forma cada vez mais intensa. Em 2018, o IPCA registrado no país foi de 3,75% – taxa que saltou para 10,06% em 2021. Já nos 12 meses até março deste ano, chegou a 11,30%, ou seja, mais um ano de preços em disparada.

Com tanta inflação, de março de 2017 a março de 2022 o real perdeu 31,32% de seu valor e poder de compra. Em outras palavras, com o mesmo valor agora conseguimos comprar apenas dois terços do que comprava naquele ano.

Essas porcentagens se refletem todos os dias em nossas vidas, que encontramos preços mais altos para os mesmos produtos e serviços. E a inflação afeta os orçamentos das famílias de maneira diferente de acordo com a faixa de renda.                                      

Para as mais pobres, o aumento dos preços dos alimentos e do gás de cozinha consumiu boa parte da renda no início deste ano. Em pelo menos 11 capitais, apenas os itens da cesta básica já equivaliam a mais de 50% do salário mínimo em março. Já as famílias de renda alta sentiram muito os reajustes dos preços de transporte, puxados pelo aumento da gasolina.

Neste cenário devastador e corredor do poder de compra dos salários, o percentual de famílias com dívidas a vencer alcançou 77,7% do total de famílias brasileiras em abril, a maior proporção da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), encerrou seu mandato com 83% de aprovação e, se for eleito, disse que pretende reativar esta economia debilita; recuperar a nação marcada pela segunda maior taxa mundial de mortalidade ligada à Covid – 19 e salvar a democracia das constantes ameaças do atual governante.

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Lula Conversa com TIME Sobre Ucrânia, Bolsonaro e a Frágil Democracia Brasileira

A volta de Luiz Inácio Lula da Silva à linha de frente da política foi uma bomba para o Brasil. Em abril de 2021 o Supremo Tribunal Federal anulou uma série de condenações por corrupção que excluíram o ex-presidente petista das eleições presidenciais de 2018. O tribunal afirmou que a parcialidade do juiz responsável pelo caso comprometeu o direito de Lula – como o ex-presidente é mundialmente conhecido – a um julgamento justo. A decisão preparou o terreno para um duelo entre Lula e o atual presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022.

Lula, que lançará oficialmente sua pré-candidatura no dia 7 de maio, promete levar o Brasil de volta aos bons tempos da sua Presidência (2003-2010), que ele encerrou com taxa de aprovação de 83%. Isso implicaria reavivar uma economia debilitada, salvar uma democracia ameaçada e recuperar uma nação marcada pela segunda maior taxa mundial de mortalidade ligada à Covid-19 e por dois anos de gestão caótica da pandemia. Até o momento, as promessas estão surtindo efeito: Lula aparece nas pesquisas com 45% das intenções de voto, contra 31% de Bolsonaro. Porém, esta diferença está diminuindo.

TIME sentou para conversar com Lula no fim de março, na sede do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo, para falar sobre o tempo que ele passou na prisão, sobre a guerra na Ucrânia e para saber se seus planos para o Brasil estão baseados em algo além da nostalgia. Essa transcrição foi condensada e editada para maior clareza.

Quando o Supremo Tribunal Federal restaurou seus direitos políticos no ano passado, você já estava, segundo a mídia brasileira, se preparando para uma vida mais tranquila, fora da política. Você decidiu imediatamente voltar à política quando isso aconteceu?

Eu na verdade nunca desisti da política. A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política. E eu tenho uma causa.

Quando deixei a Presidência em 2010, efetivamente eu não pensava mais em ser candidato à Presidência da República. Entretanto, o que eu estou vendo, doze anos depois, é que tudo aquilo que foi política para beneficiar o povo pobre— todas as políticas de inclusão social, o que nós fizemos para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, melhorar a qualidade do salário, melhorar a qualidade do emprego—, tudo isso foi destruído, desmontado. Porque as pessoas que começaram a ocupar o governo depois que deram o golpe na presidenta Dilma [Rousseff] eram pessoas que tinham o objetivo de destruir todas as conquistas que o povo brasileiro tinha obtido desde 1943.

Há uma expectativa de que eu volte a presidir o país porque as pessoas têm boas lembranças do tempo em que eu fui presidente. As pessoas trabalhavam, as pessoas tinham aumento de salário, os reajustes salariais eram acima da inflação. Então eu penso que as pessoas têm saudades disso e as pessoas querem isso melhorado.

A situação do Brasil hoje—a polarização política, a economia, o panorama internacional—é muito diferente do que quando você ganhou a Presidência pela primeira vez. Não vai ser mais difícil governar desta vez?

O futebol americano tem um jogador, que aliás é casado com uma brasileira que é modelo, e que é o melhor jogador do mundo há muito tempo. A cada jogo que ele faz, a torcida fica exigindo que ele jogue melhor do que no jogo anterior. No caso da Presidência é a mesma coisa. Só tem sentido eu estar candidato à Presidência da república porque eu acredito que eu sou capaz de fazer mais e fazer melhor do que eu já fiz.

Eu tenho clareza de que eu posso resolver os problemas [do Brasil]. Eu tenho a certeza de que esses problemas só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia, quando os pobres estiverem participando do orçamento, quando os pobres estiverem trabalhando, quando os pobres estiverem comendo. Isso só é possível se você tiver um governo que tenha compromisso com as pessoas mais pobres.

Muitas pessoas no Brasil dizem que houve muitas encarnações do Lula, especificamente em política econômica. Qual Lula temos hoje?

Eu sou o único candidato com quem as pessoas não deveriam ter essa preocupação, porque eu já fui presidente duas vezes. E a gente não discute política econômica antes de ganhar as eleições. Primeiro você precisa ganhar para depois saber com quem você vai compor e o que você vai fazer. Quem tiver dúvida sobre mim olhe o que aconteceu nesse país quando eu fui presidente da República: o crescimento do mercado. O Brasil tinha dois IPOs. No meu governo fizemos 250 IPOs. O Brasil devia 30 bilhões, o Brasil passou a ser credor do FMI, porque emprestamos 15 bilhões. O Brasil não tinha um dólar de reserva internacional, o Brasil tem hoje 370 bilhões de dólares de reserva internacional. […] Então as pessoas precisam ter em conta o seguinte: ao invés de perguntar o que é que eu vou fazer, olhe o que eu fiz.

Na primeira Presidência, o petróleo, entre outros produtos, impulsionaram muito esse sucesso. Agora, com a crise climática, estamos tentando usar menos combustíveis fósseis. O candidato à Presidência na Colômbia, Gustavo Petro, propôs um bloco antipetróleo em que os países deixariam imediatamente de explorar o petróleo. Você quer se unir a este bloco?

 

Veja, eu acho que o Petro tem o direito de fazer todas as propostas que ele quiser fazer. Mas no caso do Brasil é irreal. No caso do mundo é irreal. Você ainda precisa do petróleo por um tempo, você não consegue…

 

Porém a ideia é continuar extraindo o petróleo que já descobriram, mas deixar de explorar. Você quer deixar de explorar?

Enquanto você não tiver energia alternativa, você vai utilizar a energia que você tem. Isso vale para o Brasil e vale para o mundo inteiro. Veja a dependência da nossa querida Alemanha agora. Angela Merkel tomou a decisão de fechar todas as usinas nucleares, não contava com a guerra da Ucrânia. Hoje a Europa é muito dependente dos russos para poder ter energia. O que você pode estabelecer é um plano de longo prazo para você diminuir [o consumo de petróleo] na medida em que você vai criando alternativas. Não dá para imaginar que os Estados Unidos vão parar de utilizar petróleo do dia para a noite, ou qualquer país.

Quero falar da Ucrânia. Você sempre teve orgulho de poder falar com todos—Hugo Chávez e também George Bush. Mas o mundo de hoje é muito fragmentado diplomaticamente. Quero saber se sua abordagem na diplomacia ainda funciona. Você poderia falar com Putin depois da invasão da Ucrânia?

Nós, políticos, colhemos aquilo que nós plantamos. Se eu planto fraternidade, solidariedade, concórdia, eu vou colher coisa boa. Mas se eu planto discórdia, eu vou colher desavenças. Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema.

Você acha que a OTAN foi a razão da Rússia para invadir?

Esse é o argumento que está colocado. Se tem um segredo nós não sabemos. O outro é a [possibilidade de a] Ucrânia entrar na União Europeia. Os europeus poderiam ter resolvido e dito: ‘Não, não é o momento de a Ucrânia entrar na União Europeia, vamos esperar’. Eles não precisariam fomentar o confronto!

Mas acho que tentaram falar com a Rússia.

Não tentaram. As conversas foram muito poucas. Se você quer paz, você tem que ter paciência. Eles poderiam ter sentado numa mesa de negociação e passado 10 dias, 15 dias, 20 dias, um mês discutindo para tentar encontrar a solução. Então eu acho que o diálogo só dá certo quando ele é levado a sério.

Então se você fosse presidente neste momento, o que você faria? Você seria capaz de evitar o conflito?

Eu não sei se seria capaz. Eu, se fosse presidente hoje, teria ligado para o [Joe] Biden, teria ligado para o Putin, para a Alemanha, para o [Emmanuel] Macron, porque a guerra não é saída. Eu acho que o problema é que, se a gente não tentar, a gente não resolve. É preciso tentar.

Às vezes eu fico preocupado. Eu fiquei muito preocupado quando os Estados Unidos e quando a União Europeia adotaram o [Juan] Guaidó [então líder da assembleia nacional da Venezuela] como presidente do país [em 2019]. Você não brinca com democracia. O Guaidó para ser presidente da Venezuela teria que ser eleito. A burocracia não substitui a política. Na política são os dois chefes que mandam, os dois que foram eleitos pelo povo, que têm que sentar numa mesa de negociação, olho no olho, e conversar.

E agora, às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’. Ele ficou mentindo para o seu povo. Agora, esse presidente da Ucrânia poderia ter dito: ‘Olha, vamos deixar para discutir esse negócio da OTAN e esse negócio da Europa mais para frente. Vamos primeiro conversar um pouco mais.’

Então Zelensky tinha que falar mais com Putin, mesmo com 100,000 soldados russos na sua fronteira?

Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação.

Não seria um pouco difícil dizer isso a Zelensky? Ele não queria guerra, mas ela chegou.

Ele quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!’

O que você acha de Joe Biden?

Eu fiz até um discurso elogioso ao Biden quando ele anunciou o primeiro programa econômico dele. O problema é que não basta você anunciar um programa, é preciso executar o programa. E eu acho que o Biden está vivendo um momento difícil.

E acho que ele não tomou a decisão correta nessa guerra Rússia e Ucrânia. Os Estados Unidos têm um peso muito grande e ele poderia evitar isso, e não estimular. Poderia ter falado mais, poderia ter participado mais, o Biden poderia ter pegado um avião e descido em Moscou para conversar com o Putin. É esta atitude que se espera de um líder. Que ele tenha interferência para que as coisas não aconteçam de forma atabalhoada. E eu acho que ele não fez.

Biden deveria ter feito mais concessões a Putin?

Não. Da mesma forma que os americanos convenceram os russos a não colocar mísseis em Cuba em 1961, o Biden poderia falar: ‘Vamos conversar um pouco mais. Nós não queremos a Ucrânia na OTAN, ponto’. Não é concessão. Deixa eu lhe contar uma coisa: se eu fosse presidente da República e me oferecessem ‘o Brasil pode entrar na OTAN’, eu não ia querer.

Por quê?

Porque eu sou um cara que só pensa em paz. Eu não penso em guerra. […] O Brasil não tem contencioso nem com os Estados Unidos, nem com a China, nem com a Rússia, nem com a Bolívia, nem com a Argentina, nem com o México. E é o fato de o Brasil ser um país de paz que vai lhe fazer restabelecer a relação que nós criamos de 2003 a 2010. O Brasil vai virar protagonista internacional, porque a gente vai provar que é possível ter um mundo melhor.

O que você precisa fazer para conseguir isso?

É urgente e é preciso a gente criar uma nova governança mundial. A ONU de hoje não representa mais nada. A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Porque cada um toma decisão sem respeitar a ONU. O Putin invadiu a Ucrânia de forma unilateral, sem consultar a ONU. Os Estados Unidos costumam invadir os países sem conversar com ninguém e sem respeitar o Conselho de Segurança. Então é preciso que a gente reconstrua a ONU, coloque mais países, envolva mais pessoas. Se a gente fizer isso, a gente começa a melhorar o mundo.

No Brasil, durante a pandemia, a população negra sofreu um risco de mortalidade maior que os brancos, e uma taxa maior de desemprego também. E os problemas com a violência policial pioraram durante o governo do Bolsonaro. Você tem coisas que vai fazer para melhorar o mundo para os brasileiros negros especificamente?

Olha, eu li muito sobre a escravidão quando eu estava preso e eu às vezes tenho dificuldade de compreender o que foram 350 anos de escravidão. E eu tenho mais dificuldade de compreender que a escravidão ela está dentro da cabeça das pessoas, o preconceito está dentro da cabeça das pessoas. Aqui no Brasil, na periferia brasileira, milhares de jovens são mortos quase todo mês, todo ano. Então não é possível isso continuar. Quando eu estava na presidência nós criamos uma lei para que a história africana fosse contada na escola brasileira. Para que a gente aprendesse sobre a história africana para não ver os africanos como cidadãos inferiores. Então nós precisamos começar essa educação dentro de casa, na escola. E o Bolsonaro despertou o ódio, despertou o preconceito. Aí tem outros presidentes também na Europa, na Hungria, [que fazem o mesmo]; está aparecendo muito fascista, muito nazista no mundo.

O Bolsonaro tem culpa pelo racismo hoje no Brasil ou é um país racista?

Eu não diria que ele tem culpa pelo racismo porque o racismo é crônico no Brasil. Mas ele estimula.

Você passou por muitas tragédias pessoais nos últimos cinco anos. Isso mudou você de alguma maneira?

Não. Eu confesso que se eu dissesse a você que eu não fiquei magoado, que eu não fiquei muito nervoso com os mentirosos que montaram essa quadrilha para me condenar, eu estaria mentindo. Eu tinha consciência do que estava acontecendo no Brasil: o impeachment da Dilma não poderia terminar na Dilma, porque não tinha nenhum sentido fazer o impeachment da Dilma e dois anos depois o Lula voltar a ser presidente da República. Então era preciso afastar o Lula. E como eles não tinham como afastar, eles resolveram construir um rosário de mentiras contra mim para poder me colocar na cadeia. Hoje eu estou aqui, livre, todos os meus processos foram anulados.

Sim, as condenações foram anuladas. Mas como te impactaram?

Eu fiquei 580 dias na cadeia. Eu li muito. Então eu fiz muita reflexão, eu me preparei para sair da cadeia sem ódio, sem mágoa, sem ressentimento, apenas lembrando que aquilo foi um processo histórico que eu não posso esquecer. Eu não posso esquecer, mas eu não posso colocar na mesa esse assunto todo dia porque é uma coisa do passado. Eu quero pensar no futuro.

Para você entender a minha vida, eu fui comer pão pela primeira vez com sete anos de idade. A minha mãe, muitas vezes, não tinha nada para colocar no fogão para fazer comida para a gente. E eu nunca vi minha mãe desesperada. Ela sempre falava o seguinte: ‘Amanhã vai ter. Amanhã vai melhorar’. E isso foi introjetado na minha consciência, no meu sangue, e eu sou assim. Não tem problema que a gente não consiga vencer.

Eu tenho orgulho de provar que um metalúrgico que não tem diploma universitário tem mais competência para governar esse país do que a elite brasileira toda. Porque a arte de governar é você saber utilizar o coração junto com a razão.

Você vai se casar em breve. Você quer falar um pouco sobre sua noiva?

Eu não gosto de falar dela. Porque ela tem autonomia para falar dela.

Você aprendeu alguma coisa com ela?

Eu aprendi. Eu aprendi que quando você perde a tua mulher e você pensa que a vida não tem mais sentido, quando você pensa que tudo acabou, aparece uma pessoa que começa a dar sentido à vida outra vez. Estou apaixonado como se eu tivesse 20 anos de idade, como se fosse minha primeira namorada. Vou casar da forma mais tranquila possível e vou fazer a campanha feliz.

Então, um cara que está feliz como eu não tem que ter outra preocupação. Não tem que ter raiva, não tem que falar mal dos adversários. Deixa os adversários fazerem o que eles quiserem. Brigar, xingar. Eu, sinceramente, se puder faço uma campanha falando de amor. Eu não acho que seja possível você ser um bom presidente se você só tem ódio dentro de você, se você só tem vingança dentro de você. Não. Você tem que ter paz e pensar no futuro. O que passou, passou. Eu vou construir um novo Brasil.

Fonte: https://time.com/6173104/lula-da-silva-transcricao/

Tradução e transcrição por Pâmela Reis