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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Os órfãos das reformas na pandemia não terão direito à pensão

Duas reformas promoveram uma verdadeira tragédia social. A reforma trabalhista criou um universo de trabalhadores sem direitos, à margem do sistema de proteção social. Um universo onde o vínculo formal virou exceção e a regra é o trabalho informal, o intermitente. Nesta situação, milhões de trabalhadores e trabalhadoras estão fora do sistema previdenciário.

Para completar o que já era ruim, veio à reforma previdenciária que alterou regras para concessão do benefício de aposentadoria, aumentando as exigências e tornando quase impossível atingir o direito a ela. Se já era difícil comprovar 30 ou 35 anos de contribuição num momento de baixo desemprego e estímulos à formalidade, imaginem agora quando impera a informalidade e o desemprego.

Mas o que isso tem a ver com os órfãos da pandemia? Tudo. São crianças e adolescentes que, em sua maioria, não terão direito à pensão porque seus pais foram excluídos do mercado formal de trabalho. Pais que arriscaram suas vidas em trabalhos precários, sem acesso a qualquer direito, e seus filhos ficam totalmente desprotegidos.

Essas crianças e jovens chegam a 1,5 milhão em todo o mundo. No Brasil, são mais de 113 mil que perderam o pai, a mãe ou ambos para a covid-19 entre março de 2020 e abril de 2021. A autora do estudo, Susan Hills (pesquisadora de doenças infecciosas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), ainda alerta que esse número pode chegar a 130 mil se somarmos as crianças que tinham os avós como principais cuidadores. Um público que poderia estar nas filas do INSS, mas que daqui a pouco estará engrossando as filas do osso.

Está inscrito em nossa Constituição que é “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade, e opressão.” Na orfandade, faz-se mais do que urgente que o Estado cumpra tal determinação.

Uma tragédia se abateu sobre essas crianças e adolescentes. Uma tragédia evitável se o governo tivesse tomado iniciativas para preservas vidas, garantir vacinas. Mas, a prioridade foi outra. Agora uma geração baterá às suas portas em condição de pobreza ou extrema pobreza. E, sabemos, as encontrarão fechadas.

A luta pelo auxílio emergencial de R$ 600,00 era uma luta para evitar que mais pessoas adoecessem e fossem transmissoras do vírus. Que pudessem ter um mínimo para o sustento de suas famílias e seguir as orientações de isolamento social. Qualquer governo comprometido com seu povo teria garantido o auxílio maior por mais tempo. Era o mínimo que este governo poderia fazer. E apesar da nossa resistência, sabemos neste momento, para qual das filas o governo mandará os órfãos da pandemia.

Por: Jandira Feghali, deputada federal pelo PCdoB/RJ.

 

Na opinião Orlando Silva, do deputado federal do PCdoB/SP, os reflexos da pandemia em um País que largou a população à própria sorte são “imensuráveis”. Sendo que em agosto de 2021, o Brasil ultrapassou 550 mil mortes em decorrência da Covid-19. “O descaso do governo com a realidade dos trabalhadores foi vista por meio de reformas que promoveram uma verdadeira tragédia social”.

Diz que as reformas trabalhista e previdenciária, por exemplo, atenuaram o problema do desemprego e acentuaram a precariedade do trabalho e ampliou a exposição da população ao vírus.

“Resultado? Crianças e adolescentes foram praticamente abandonadas e famílias monoparentais, em sua maioria chefiadas por mulheres, foram inseridas na faixa mais pobre. Essas crianças e jovens chegam a 1,5 milhão em todo o mundo. No Brasil, são mais de 113 mil os que perderam o pai, a mãe ou ambos para a Covid-19 entre março de 2020 e abril de 2021”, afirma Orlando.

E garante que esse é o resultado de um projeto “genocida” que na situação de calamidade pública foi contra o “auxílio emergencial, retardou e realizou negociata com a compra de vacinas e é negacionista em relação ao vírus. Fora Bolsonaro!”, finaliza o deputado.

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