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Lula foi recebido pelo papa
em audiência privada na residência Santa Marta, no Vaticano, durante cerca de
uma hora. Foi o primeiro encontro dos dois líderes, que havia trocado
correspondência em 2018, quando Lula cumpria prisão ilegal em Curitiba. Em
entrevista, o ex-presidente destacou os pontos principais da audiência: o
combate à desigualdade, que será tema em março de um encontro mundial de jovens
economistas convocado pelo papa, e também a questão ambiental.
“O mundo está ficando mais
desigual e maioria dos trabalhadores está perdendo direitos”, disse Lula.
“Muitas das conquistas que tivemos no Século XX estão sendo derrubadas pela
ganância dos interesses empresariais e financeiros”. Lula recordou ter
participado de encontros do G-20 após a crise financeira global de 2008, mas
sem resultados: “Todas as decisões que tomávamos envolvendo interesses dos
trabalhadores, desenvolver os países mais pobres, nada disso aconteceu”.
“O que aconteceu é que o
sistema financeiro saiu mais forte e a economia mundial está financeirizada”,
afirmou. “Hoje se ganha dinheiro produzindo papéis e vendendo facilidades, ao
invés ganhar fabricando produtos e gerando empregos”. Lula disse que é
alentadora a iniciativa do papa de debater a desigualdade com jovens
economistas, porque “toca num assunto vital para o futuro”. E indagou: “Quem é
que vai oferecer trabalho aos trabalhadores? Quem vai pagar salários? Quem é
que vai cuidar das pessoas pobres, que nem oportunidade de emprego têm?”
Lula disse ter ouvido do
papa que este, aos 84 anos de idade, “quer fazer coisas que sejam
irreversíveis, que fiquem para sempre no seio da sociedade”. Segundo o ex-presidente,
a inciativa de estimular a juventude a discutir a nova economia do mundo é uma
necessidade. “Isso deve servir de exemplo para o movimento sindical, para
outras igrejas e para os partidos políticos do mundo inteiro”.
O ex-presidente Lula foi às
redes sociais nesta quinta-feira para demonstrar sua insatisfação com a fala do
ministro da Economia, Paulo Guedes, que celebrou a alta do dólar em discurso
permeado por preconceito de classe. Ele e o papa Francisco, reunidos nesta
quinta-feira, condenaram o distanciamento entre os governantes e a parcela mais
pobre da população brasileira, gesto típico dos regimes fascistas combatidos no
mundo todo.
“É triste, e muita gente
acha que exagero quando digo isso. Mas essa gente não suporta nem a ascensão
social dos mais pobres, nem o desenvolvimento soberano do Brasil”, escreveu o
líder petista, em uma rede social.
Solidariedade
Na véspera, em
pronunciamento feito no Seminário de Abertura do Ano Legislativo da Revista
Voto, em Brasília, Guedes disse que o dólar alto “é bom para todo mundo” e que
em outros tempos, quando a economia brasileira estava melhor e o real mais
valorizado, era uma “festa danada”, pois empregadas domésticas iam à
Disneylândia.
Lula teve seu primeiro
encontro com o Papa Francisco nesta quinta-feira. O contato entre os dois se
iniciou ainda durante o cárcere político do ex-presidente. “Quero lhe
manifestar minha proximidade espiritual e o encorajar pedindo para não
desanimar e confiar em Deus”, disse o líder da igreja católica, em uma das
cartas enviadas a Lula.
Na semana passada, o petista
disse que vai agradecer o Papa pela solidariedade “em um momento difícil” e
pela dedicação dele “ao povo oprimido”. Lula também afirmou que quer debater
com a autoridade católica a experiência brasileira no combate à miséria.
Mapa
da fome
Em entrevista ao jornal
semanal Brasil de Fato, o teólogo brasileiro Leonardo Boff pontuou que um dos
grandes temas do encontro seria a desigualdade social e afirmou que o papa
Francisco “quer perguntar a Lula como é que ele conseguiu diminuir a
desigualdade no Brasil”.
— É o encontro de dois
grandes carismáticos, líderes reconhecidos mundialmente. Isso será bom para o
papa, que colherá a experiência do Lula no processo de diminuição da
desigualdade. Para o Lula, será importante encontrar-se com o papa, que tem as
mesmas propostas de acusar e rejeitar esse sistema mundial que cria tantos pobres,
agride a natureza e é anti-vida. O papa tem acusado essa desigualdade como
consequência de uma forma de produzir e de explorar os trabalhadores e a
própria natureza — disse o teólogo.
Dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a pobreza no país caiu
de um patamar de 42 milhões de pessoas, em 2002, para 14 milhões em 2014, ano
em que o Brasil deixou o Mapa da Fome das Nações Unidas.
Lula foi presidente de 2003
a 2010. A fome no país teve uma redução de 82% entre 2003 e 2014, momento em
que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
anunciou que o país tinha menos de 5% da população em condição de insegurança
alimentar.
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