O anúncio extemporâneo do
fechamento da Ford, empresa presente no Brasil a mais de século, se soma aos
anúncios de fechamento da Mercedes-Benz, da Audi e aos milhares de silenciosos
fechamentos de micro, pequenas e médias empresas. Essas empresas receberam ao
longo de décadas, e continuam a receber, bilhões de reais em incentivos e
benefícios fiscais. A atitude da Ford, sem diálogo e depois de tudo que recebeu
e ganhou, demonstra o absoluto desrespeito com o país e desconsideração com o
povo brasileiro.
Mais um caso concreto do
processo de desindustrialização e de desmonte das políticas de conteúdo
nacional que avançam de maneira praticamente irreversível, fragilizando todo o
sistema produtivo no comércio, serviços e agricultura e destruindo milhões de
empregos diretos e indiretos.
Desta forma o país regride
para a condição de mero exportador de produtos primários como minérios e grãos,
levando, neste movimento, a grande maioria dos brasileiros a empobrecer ou cair
na miséria, enquanto alguns poucos enriquecem. E o governo Bolsonaro avança na
implementação dessa política de destruição e aprofundamento da desigualdade
social.
Para espanto e desespero do
povo, o governo, de forma cínica, não se constrangeu em bradar: “Que vão
embora”, ao comentar sobre a saída da Ford do Brasil. Esse foi mais um de seus
chocantes absurdos.
Isso
não pode continuar!
De nossa parte, vamos
organizar, mobilizar, resistir, enfrentar, propor e dialogar em torno de um
projeto nacional de desenvolvimento, da reindustrialização e recuperação da
dinâmica virtuosa de crescimento do sistema produtivo, de retomada dos
investimentos em infraestrutura econômica e social, em ciência, tecnologia e
inovação, de ampliação das políticas sociais, de geração de empregos de
qualidade e de crescimento da renda do trabalho.
Vamos fortalecer a nossa
unidade de ação e estabelecer uma ampla rede de debates e de negociação com os
poderes Executivos, Legislativos e Judiciário, com os empresários e com o
movimento sindical internacional.
Iremos promover o debate nas
bases sindicais, em eventos regionais e nacionais, organizando nossa
resistência e atuação propositiva em cada situação e diante de cada problema,
mobilizando e incidindo local e nacionalmente.
Reafirmamos, conforme já
explicitado em documento unitário, divulgado no dia 05/01/2021, que, neste
momento, deve ser prioridade do governo vacinar todos os brasileiros por meio
de um plano nacional de vacinação coordenado pelo SUS, visando proteger à vida
de todos e dar capacidade para a retomada segura da atividade produtiva.
De
imediato, as Centrais Sindicais deliberam, para enfrentar a decisão de
fechamento da Ford no Brasil:
Ø Investir
na unidade sindical e na construção de iniciativas e ações conjuntas;
Ø Ampliar
e estabelecer diálogo com os parlamentares (senadores, deputados federais,
deputados estaduais e vereadores) para tratar de iniciativas a serem tomadas em
relação à Ford e casos semelhantes;
Ø Estabelecer
diálogo com os Governadores de São Paulo, Bahia e Ceará para a construção de
alternativas para o caso Ford;
Ø Estabelecer
cooperação de atuação com entidades sindicais internacionais para denunciar a
decisão da Ford no Brasil;
Ø Produzir
informações comuns para alimentar a comunicação;
Ø Realizar
reunião com as 11 Centrais Sindicais, na próxima sexta-feira (15/01), para
encaminhar ações unitárias em defesa do emprego, do auxílio emergencial e de
vacinas para todos;
Ø Realizar
no dia 21/01 manifestações nas Concessionárias de revenda Ford.
Ø Propor
medidas a serem tomadas na esfera Legislativa e Judiciária.
São Paulo, 13 de janeiro de 2021.
Sérgio Nobre - Presidente da
CUT - Central Única dos Trabalhadores
Miguel Torres - Presidente
da Força Sindical
Ricardo Patah: Presidente da
UGT - União Geral dos Trabalhadores
Adilson Araújo: Presidente
da CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
José Calixto Ramos - Presidente
da NCST - Nova Central Sindical de Trabalhadores
Antônio Neto - Presidente da
CSB - Central dos Sindicatos Brasileiros
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