Senador Flávio Bolsonaro (Republicanos)
teria recebido 1.512 depósitos suspeitos entre março de 2015 e dezembro de 2018
na conta de sua franquia de uma rede de chocolates, apontou reportagem do
Jornal Nacional na segunda-feira (24/08). O MPRJ (Ministério Público do Rio de
Janeiro) suspeita que o negócio seja usado para fazer lavagem de dinheiro.
A reportagem analisou os
extratos bancários da quebra de sigilo da loja de chocolates do senador e mostrou
que o parlamentar fez retiradas, como sócio, nos mesmos dias em que a franquia
recebeu depósitos em dinheiro vivo. Segundo a reportagem, em várias datas, como
sócio da loja, ele fez retiradas de valores assim que a franquia recebia
depósitos fracionados em dinheiro. Na maioria das vezes, os valores eram
“redondos”.
O cruzamento de dados
realizado pelo JN indica ainda uma movimentação que está na mira do Ministério
Público. Os promotores apontam uma relação direta entre as contas bancárias de
Flávio e o esquema ilegal da “rachadinha” – quando funcionários do gabinete devolvem
parte dos salários pagos com dinheiro público.
Para o MP, segundo a
reportagem, o dinheiro seria o mesmo. Além disso, a franquia, de acordo com os
promotores, foi usada como uma “conta de passagem”. Há, por exemplo, 63
depósitos seguidos de R$ 1,5 mil, 63 de R$ 2 mil e 74 de R$ 3 mil — este último
valor é o mais alto permitido para transações em espécie, no caixa eletrônico,
no banco em que os depósitos teriam sido feitos.
Em 12 datas diferentes, há
dezenas de depósitos fracionados no valor máximo; em 28 de novembro de 2016, 7
depósitos fracionados de R$ 3 mil, totalizando R$ 21 mil; em 18 de dezembro de
2017, 10 depósitos de R$ 3 mil, somando R$ 30 mil; e em 25 de outubro de 2018,
11 depósitos de R$ 3 mil, total de R$ 33 mil.
Na época, segundo a reportagem,
qualquer depósito em espécie acima de R$ 10 mil deveria ser reportado às
autoridades, justamente para evitar lavagem de dinheiro. Depósitos fracionados,
no entanto, driblariam a fiscalização. A loja foi comprada no início de 2015 e,
nos dois primeiros meses, Flávio fez uma retirada de lucro de R$ 180 mil. Seu
sócio não fez retirada nenhuma.
O MPRJ diz que depósitos são
desproporcionais ao faturamento da loja e que coincidem com o período em que
Fabrício Queiroz arrecadava parte dos salários dos seus servidores da Alerj
(Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), no esquema de
"rachadinha".
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