De acordo com Bráulio Borges,
economista da LCA Consultores, o pleno emprego já foi atingido em janeiro,
quando a taxa de desemprego estava próxima de 8%. Borges calcula que esse é o
nível que não exerce pressão sobre a inflação. Ele destaca que essa taxa de
equilíbrio caiu, sendo que em 2021 ele a estimava em 9,5%.
A Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE mostra que no segundo trimestre deste
ano, 352 mil pessoas foram contratadas na construção civil, um aumento de 4,9%,
acima da média geral de 3%. Além do mercado aquecido, a digitalização acelerada
durante a pandemia criou alternativas de trabalho mais atraentes, como em
plataformas digitais, que competem com o trabalho braçal nos canteiros de
obras.
Apesar disso, ainda existem
7,5 milhões de brasileiros em busca de emprego. Especialistas apontam que a
alta rotatividade e a rigidez do mercado de trabalho, somadas à falta de
qualificação e baixa produtividade, são alguns dos fatores que explicam essa
contradição. No setor de restaurantes, por exemplo, a rotatividade chega a 50%,
o que significa que metade do pessoal é reposta a cada ano.
Mesmo com a taxa de desemprego
no Brasil em níveis baixos, ela ainda é maior do que a média dos países do G20,
a média mundial, dos países de alta renda e da América Latina, segundo Marcos
Hecksher, pesquisador do Ipea. Além disso, o país ainda tem mais pessoas
desalentadas e trabalhando menos horas do que gostariam, em comparação com
2014.
O setor de serviços, que
lidera a oferta de vagas formais e foi fortemente impactado pela pandemia,
agora enfrenta dificuldades para contratar. Segundo a Associação Brasileira de
Bares e Restaurantes, o setor opera com 20% menos mão de obra do que antes da
pandemia, apesar do aumento de 15% nas vendas. Há uma demanda por 300 mil
trabalhadores, conforme relata Paulo Solmucci, presidente da entidade. Com a
crise, o setor de serviços viu uma queda de 6 milhões para 5,10 milhões de
trabalhadores. A automação é uma saída para o gargalo, com cozinhas adotando
fornos combinados que realizam várias funções ao mesmo tempo.
Ainda conforme a reportagem, a
maior abrangência dos benefícios sociais pode estar contribuindo para a
diminuição da participação dos trabalhadores menos qualificados no mercado de
trabalho, cujos ganhos subiram 19,47% de 2019 a 2024. Mesmo assim, esses
trabalhadores ainda ganham em média R$ 1.399, menos que o salário mínimo formal
de R$ 1.412. Apesar disso, o rendimento médio real habitualmente recebido
cresceu 12,4% sobre o registrado em 2022.
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