O seminário Resistência,
Travessia e Esperança, promovido na última semana pelo Partido dos
Trabalhadores, as lideranças do PT na Câmara e no Senado, a Fundação Perseu
Abramo e o Instituto Lula, diagnosticou os enormes problemas enfrentados pelo
povo brasileiro. E, ao mesmo tempo, busca encontrar caminhos para tirar o
Brasil do atoleiro econômico, social e ambiental.
O ex-presidente Lula e a
ex-presidenta Dilma, durante o seminário, deixaram clara a necessidade de se
criar condições de governabilidade para a suplantação da crise sanitária,
política e social provocada pelo modelo neoliberal implementado com o golpe de
2016 e aprofundado pelo neofascista Bolsonaro.
As duas bancadas, junto com
os movimentos sociais, sindicais e populares — e diferentes setores da
sociedade –, têm a responsabilidade de contribuir com o grande movimento está
sendo criado em torno do ex-presidente Lula. Temos que construir uma maioria, a
priori numérica e, no futuro, política.
O PT tem como enriquecer o
debate com novos elementos, nossas ideias sobre democracia, economia, consumo,
direitos econômicos, ambientais, sociais e trabalhistas. E elaborar diretrizes
para um país com inclusão social, geração de renda e empregos e que garanta o
futuro a uma juventude que hoje padece com o desalento e a desesperança.
Como o presidente Lula
costuma dizer, precisamos recuperar o nosso legado. Quando o PT esteve à frente
do governo, os avanços foram superlativos. Alguns países que fizeram revolução
talvez não tenham avançado tanto quanto o Brasil. Naquele período, o país criou
20 milhões de postos de trabalho e mantendo os direitos trabalhistas. Além
disso, os governos Lula e Dilma quadruplicaram os recursos para a educação,
levaram mais de 50% de negros à Universidade, tiraram o Brasil do Mapa da Fome.
Pagamos a dívida externa e projetamos o Brasil no cenário mundial. Avanços em
todas as áreas.
Com Bolsonaro, o cenário é
catastrófico. O Brasil perdeu mais de 35 mil indústrias, uma média de 17 por
dia. O crescimento econômico é pífio, ante números expressivos dos governos
Lula (4,6% em média) e de Dilma ( 3,5%).
Além da tarefa imediata de
combater a fome e a insegurança alimentar que afligem mais de 100 milhões de
brasileiros, temos a responsabilidade de reerguer a economia brasileira, a
começar pela indústria. O Brasil não pode se
transformar na roça do mundo, tampouco ficar orbitando em torno dos
bancos. É preciso reorganizar nosso modelo econômico. O atual, calcado em
produtos primários, aprofunda nossa condição de país periférico.
As exportações de grãos –
junto com a de minérios – suscitam outra reflexão para um futuro governo:
praticamente não pagam impostos e não agregam valor. Quantos milhões de empregos poderiam ser
criados com a agregação de valor nas exportações de soja e minérios?
Até a estratégica Petrobras
foi levada a tornar-se exportadora de petróleo bruto e importadora de
combustíveis, numa política antinacional que precisa ser revista, pois ficou à
mercê de acionistas, em boa parte estrangeiros, em detrimento do povo brasileiro.
Temos a chance de fazer uma
transição histórica, resgatando direitos e a democracia, mas elevando o Brasil
a outro patamar civilizatório e de desenvolvimento. Desenvolver um modelo
econômico de baixa produção de carbono, intensificar a produção tecnológica e o
desenvolvimento digital, áreas em que o Brasil sofreu abissal retrocesso com o
golpe de 2016 e Bolsonaro, e trilhar o caminho da questão ambiental e
ecológica, o que abre oportunidades num mundo sedento por sustentabilidade.
É prioritária uma nova
matriz descentralizada de desenvolvimento econômico, com a valorização do
associativismo, do cooperativismo, financiamentos de fábricas e produção de
novas tecnologias. Temos condição de fazer uma nova indústria – clima, gente,
inteligência, um grande complexo de universidades – e realizar a transição para
uma economia digital e matriz energética limpa a sustentável.
É preciso começar 2022
integrando todos os setores do nosso partido e da militância para que colaborem
e atualizem o nosso Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil. O PT e o
presidente Lula trazem a esperança de
dias melhores. Lula é o líder capaz de construir novos valores, conceitos e
trazer de volta a alegria, a tolerância e a autoestima do povo brasileiro.
Por:
Reginaldo
Lopes, Deputado federal por Minas Gerais, é o líder do PT na Câmara dos
Deputados.