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terça-feira, 25 de agosto de 2020

Extratos mostram que Flávio Bolsonaro Flávio recebeu 1.512 depósitos suspeitos


Senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) teria recebido 1.512 depósitos suspeitos entre março de 2015 e dezembro de 2018 na conta de sua franquia de uma rede de chocolates, apontou reportagem do Jornal Nacional na segunda-feira (24/08). O MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) suspeita que o negócio seja usado para fazer lavagem de dinheiro.

A reportagem analisou os extratos bancários da quebra de sigilo da loja de chocolates do senador e mostrou que o parlamentar fez retiradas, como sócio, nos mesmos dias em que a franquia recebeu depósitos em dinheiro vivo. Segundo a reportagem, em várias datas, como sócio da loja, ele fez retiradas de valores assim que a franquia recebia depósitos fracionados em dinheiro. Na maioria das vezes, os valores eram “redondos”.

O cruzamento de dados realizado pelo JN indica ainda uma movimentação que está na mira do Ministério Público. Os promotores apontam uma relação direta entre as contas bancárias de Flávio e o esquema ilegal da “rachadinha” – quando funcionários do gabinete devolvem parte dos salários pagos com dinheiro público.

Para o MP, segundo a reportagem, o dinheiro seria o mesmo. Além disso, a franquia, de acordo com os promotores, foi usada como uma “conta de passagem”. Há, por exemplo, 63 depósitos seguidos de R$ 1,5 mil, 63 de R$ 2 mil e 74 de R$ 3 mil — este último valor é o mais alto permitido para transações em espécie, no caixa eletrônico, no banco em que os depósitos teriam sido feitos.

Em 12 datas diferentes, há dezenas de depósitos fracionados no valor máximo; em 28 de novembro de 2016, 7 depósitos fracionados de R$ 3 mil, totalizando R$ 21 mil; em 18 de dezembro de 2017, 10 depósitos de R$ 3 mil, somando R$ 30 mil; e em 25 de outubro de 2018, 11 depósitos de R$ 3 mil, total de R$ 33 mil.

Na época, segundo a reportagem, qualquer depósito em espécie acima de R$ 10 mil deveria ser reportado às autoridades, justamente para evitar lavagem de dinheiro. Depósitos fracionados, no entanto, driblariam a fiscalização. A loja foi comprada no início de 2015 e, nos dois primeiros meses, Flávio fez uma retirada de lucro de R$ 180 mil. Seu sócio não fez retirada nenhuma.

O MPRJ diz que depósitos são desproporcionais ao faturamento da loja e que coincidem com o período em que Fabrício Queiroz arrecadava parte dos salários dos seus servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), no esquema de "rachadinha".


terça-feira, 18 de agosto de 2020

Energia elétrica é cara ou muito cara para 84% dos brasileiros


Oitenta e quatro por cento dos brasileiros, entrevistados pelo Ibope e pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), consideram a energia elétrica cara ou muito cara. Para a Abraceel, o valor pago pelos consumidores tem se tornado mais evidente nas despesas das famílias, já que as pessoas que consideravam o preço caro ou muito caro no ano de 2014 – primeiro de realização da pesquisa – chegavam a 67%. O percentual atingiu a maior marca em 2014 (88%) e no ano passado (87%). A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em todas as regiões do país, entre os dias 24 de março e 1º de abril.

Considerando os dados deste ano, 55% dos entrevistados afirmaram que o alto preço é causado pelos impostos e 28% pela falta de concorrência no setor. “Hoje a energia elétrica é um dos serviços mais taxados, por uma razão muito simples: os governos estaduais têm muita facilidade em arrecadar imposto por meio da conta de luz, então incidem diversos impostos - federais, estaduais - e o consumidor percebe que a energia é cara devido aos muitos tributos”, disse o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros.

Ele lembra que os valores dos impostos estão descritos em cada conta, para que o consumidor possa consultar. Segundo Medeiros, além desses dois fatores apontados pelos entrevistados, outro motivo atrelado ao alto preço das contas são os subsídios cruzados, que, conforme explica, “é o que um consumidor paga pelo outro”. Ele citou dois exemplos em que os mais pobres pagam pelos mais ricos: subsídios para o agronegócio – devido aos subsídios para áreas rurais – e para aqueles que instalam painéis fotovoltaicos.

“Há consumidor rural que tem desconto de 90% na irrigação durante a madrugada, isso é um subsídio que alguém paga. Há muitos subsídios cruzados. Agora está se colocando muito painel fotovoltaico, quem coloca principalmente é quem tem dinheiro para instalar. Quando ele instala o painel, há uma série de benefícios que a rede elétrica traz para ele, que é por exemplo regularizar energia”, disse.

Essa regularização diz respeito ao fornecimento de energia elétrica durante a noite, quando não há energia solar para garantir a demanda. “Isso é um benefício que a rede elétrica traz,  mas hoje ele não paga nada. Quem paga esse subsídio é o consumidor, que não instalou um painel fotovoltaico para esse consumidor mais rico”.

Mercado livre
Em 80% dos casos, os entrevistados gostariam de escolher sua operadora de energia elétrica, enquanto em 2014, esse percentual era de 66%. A Abraceel defende o modelo do mercado livre, em que o consumidor possa escolher sua fornecedora de energia, e considera que essa é uma forma de tornar o setor mais competitivo.

O estudo apresenta dados sobre possível mudança do mercado cativo de energia - atual sistema no qual o consumidor compra energia da distribuidora - para o mercado livre - quando ele tem a possibilidade de escolher quem será a sua fornecedora de energia: 63% trocariam de fornecedor de energia caso a medida fosse implementada no país; em 2014, esse percentual era de 57% e, no ano passado, chegou a 68%.

Para a maioria das pessoas entrevistadas (64%), o principal motivo para a decisão de troca da empresa continua sendo o preço, conforme os dados deste ano. No ano passado, o preço era também o principal motivo para 68% dos entrevistados.

Energia limpa
Outro resultado que mostra o perfil do consumidor de energia é que 17% escolheriam sua operadora com base em uma geração de energia mais limpa. Esses eram 13% em 2017, primeiro ano em que a pergunta entrou na pesquisa. No ano passado, eram 15% aqueles que se preocupavam com energia mais limpa na hora de escolher a fornecedora de energia.

Questionados se gostariam de gerar sua própria energia em casa, 90% dos entrevistados disseram que sim - o número é 13 pontos percentuais maior que em 2014. Segundo a Abraceel, o interesse em trocar de empresa, caso a medida de mercado livre seja implantada no Brasil, assim como o interesse em gerar energia elétrica em casa, crescem à medida que aumentam a renda familiar e escolaridade dos entrevistados.

Apenas 39% dos entrevistados estão dispostos a pagar um preço maior na conta de luz para incentivar a geração de energia em outras residências brasileiras. Segundo avalia a associação, como a população considera o preço da energia elevado, parcela significativa não se mostra disposta a pagar um preço mais alto na conta de luz para incentivar a geração de energia elétrica em outras residências.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Bolsonaro mentiu: Queiroz depositou R$ 72 mil em 21 cheques na conta de sua esposa


Preso por envolvimento em um esquema de "rachadinhas" quando trabalhava para Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz depositou pelo menos 21 cheques na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entre 2011 e 2018. O valor total chega a R$ 72 mil, de acordo com informação foi publicada em reportagem do jornalista Fabio Serapião, na Revista Crusoé.

A revelação desmente Jair Bolsonaro que, em dezembro de 2018, antes de tomar posse, afirmou que o depósito de R$ 24 mil de Queiroz nas contas de Michelle seriam referentes a um empréstimo de R$ 40 mil que ele teria concedido ao amigo de décadas. Quebra do sigilo de Queiroz mostra que não há qualquer depósito de Bolsonaro.

Após a quebra de sigilo de Queiroz autorizada pela Justiça, autoridades verificaram que o ex-assessor recebeu R$ 6,2 milhões em suas contas entre 2007 e 2018. Do total, R$ 1,6 milhão seriam salários recebidos como PM e como assessor na Alerj, onde era funcionário de Flávio Bolsonaro. Outros R$ 2 milhões teriam vindo de 483 depósitos de servidores do gabinete do parlamentar, o que indicaria o esquema de rachadinha. Outros R$ 900 mil foram depositados em dinheiro, sem identificação do depositante.

Queiroz foi preso no último dia 18 em Atibaia (SP), onde estava escondido em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, ex-advogado de Flávio Bolsonaro. De acordo com relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), Queiroz fez movimentações atípicas de R$ 7 milhões de 2014 a 2017.

O procurador da República Sérgio Pinel afirmou, no semestre passado, ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo Flávio Bolsonaro. O MP-RJ disse ter encontrado indícios de que o senador lavou R$ 2,27 milhões com compra de imóveis e em sua loja de chocolates.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

As redes sociais revelam o pior lado da natureza humana


O que há em comum entre as milícias digitais investigadas no inquérito das fake news e a cultura do cancelamento que ameaça empregos e reputações por pequenas transgressões do discurso? Ambos são fenômenos das redes sociais, e isso não é coincidência.

Tudo nas redes convida ao pensamento de rebanho, à polarização e à perseguição de "infratores". E não por culpa de algum algoritmo insidioso criado pela ganância empresarial que poderia ser facilmente mudado. O buraco é mais embaixo: são tendências da própria natureza humana que encontram nas redes espaço para se desenvolver.

Infelizmente, ao contrário do que os otimistas acreditavam, a internet não produziu uma maravilhosa ágora universal de debate racional que nos leva à verdade. E isso porque a mente humana não busca a verdade; ou não apenas a verdade.

Ela trabalha incansavelmente para confirmar aquilo em que acreditamos e negar o que lhe contraria. Se nos oferecem uma abundância de dados e fatos —é o que a internet fez— isso não nos leva a atualizar nossas crenças e corrigir erros. Essa abundância permite que, com muita facilidade, selecionemos os pedaços de informação mais convenientes para reforçar nossas crenças prévias.

As redes sociais intensificam essa tendência ao colocar a ambição individual por fama a serviço dessa tendência. Afinal, as pessoas irão curtir e compartilhar aquilo que reforce suas crenças pré-existentes. Se faço um texto ponderado, apontando lados bons e ruins de uma posição, isso gera incômodo e ninguém compartilha.

Agora, se jogo desavergonhadamente para a plateia, reafirmando suas crenças e preconceitos, o sucesso vem muito mais fácil. Entre direitistas, ganha mais quem reafirmar posições de direita em estado puro, sem matizes. Idem para a esquerda. E assim todos caminham para versões mais radicais.

Essa regra vale também para outro passatempo favorito da humanidade: atacar inimigos. A identidade de qualquer grupo é em boa medida definida pela oposição entre quem está dentro e quem está fora dele. Quem ataca os inimigos do grupo adquire reputação. Quem ousar ver pontos positivos neles colherá desprezo. Assim, o ódio tende a crescer.

Outro ponto: não há qualquer limitação no tipo de conteúdo que pode circular. Antes das redes sociais, a maior parte da informação que chegava até nós passava por algum crivo institucional. Hoje não existe mais controle. Uma informação falsa inventada com a pior das intenções circula livremente por dias até que algum órgão profissional identifique e forneça uma correção. E nesse momento novas mentiras já foram criadas.

Para completar, a interação a distância dá mais espaço à fantasia negativa sobre o outro: é muito fácil projetar más intenções em alguém com quem me relaciono apenas por meio de textos. Da mesma maneira, o custo de ser desagradável, agressivo e simplesmente mal-educado é muito menor nas redes sociais. Permito-me ir até uma pessoa que não conheço para ofendê-la, algo que jamais faria se a encontrasse na rua.

Indivíduos e grupos que, conscientes dessa tendência à radicalização nas redes, se organizam para criar e promover conteúdo difamatório e discurso de ódio ameaçam a democracia. Mesmo que consigamos debelar essas condutas criminosas, contudo, a dinâmica perversa das redes ainda trará desafios para nossa ordem política. A rede social não é ágora, e sim arena.

Por: Joel Pinheiro da Fonseca, Economista e mestre em filosofia pela USP.