“Lula discursou como um
estadista do século XXI, e o que ele disse deve ser lido com muito cuidado e
atenção em Washington e no resto do mundo. Lula fez alertas sobre o que vem por
aí”, afirmou ao jornal O Globo.
Ele avalia que o presidente
trata da guerra entre Rússia em Ucrânia pensando em questões globais, como a
crise de segurança alimentar e energética. “Lula não quer falar sobre poder,
mas sim sobre os desafios que o mundo enfrenta, como a desigualdade”,
prossegue.
O embaixador americano
classifica o discurso de Lula como “valioso” e da autoria de um “estadista que
entende o Sul Global”. Shannon ainda acredita que o pronunciamento de Lula é um
recado para a China e para os Estados Unidos.
“O Brasil está tentando
lembrar aos EUA e o China que eles não são os únicos países do mundo, e que o
mundo não permitirá que o futuro seja capturado por uma disputa estratégica
entre ambos. Está frisando esse alerta”, finaliza.
Brian Winter, editor-chefe da
Americas Quarterly, também exaltou o presidente brasileiro pelo discurso e
afirmou que o pronunciamento “foi de um presidente de um poder regional, e sim
de um poder global”. Ele avalia que o petista foi “ambicioso” ao falar durante
o evento.
O embaixador Rubens Barbosa,
ex-chefe da sede diplomática do Brasil em Washington, destacou que Lula destoou
de quase todos os chefes de Estado na Assembleia-Geral da ONU nas últimas duas
décadas.
“Antes, os discursos tinham
foco no público interno, eram relatórios sobre o que acontecia no Brasil. Lula,
pela primeira vez, fala sobre o lugar do Brasil no mundo, sobre o que o Brasil
aspira e como pode contribuir para alcançar objetivos”, aponta.
O ex-presidente Jair Bolsonaro
também é citado nos elogios ao petista. Segundo Renata Segura, subdiretora para
a América Latina do centro de estudos Crisis Group, Lula “tentou desfazer o
dano causado pelo governo de Jair Bolsonaro e recuperar o papel central do
Brasil no mundo, mas deixando claro que o fará seguindo suas próprias regras”.
O ex-secretário especial de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República e pesquisador da Universidade
Harvard Hussein Kalout afirma que o discurso foi “sóbrio, equilibrado,
consistente e conjugado com os princípios da Constituição e os valores
universais da política externa brasileira”.
Para ele, o petista “restaurou
a dignidade ao discurso do Brasil na ONU após os calamitosos discursos do
presidente Bolsonaro nos 4 anos anteriores”. “Não faltou nada na minha visão.
Ademais, foi perspicaz ao excluir da centralidade do discurso o conflito da
Ucrânia e ao reiterar o compromisso do Brasil com o direito internacional”,
completa.