No
depoimento, Bolsonaro alegou que pediu a auxiliares para obter informações
sobre as joias apreendidas para evitar um suposto “vexame diplomático” porque
as peças tinham sido dadas como presente e poderiam ir a leilão. As declarações
de Bolsonaro se chocam, no entanto, com os documentos do seu próprio governo.
Como mostrou o Estadão, foram feitas pelo menos oito tentativas para retirar as
joias avaliadas em R$ 16,5 milhões do cofre da Receita no aeroporto de
Guarulhos. Três tentativas ocorreram ainda em 2021, sendo que uma delas partiu
do gabinete presidencial.
Bolsonaro
recebeu três caixas que estão avaliadas em cerca de R$ 18 milhões. Duas caixas
foram trazidas da Arábia Saudita para o Brasil pela comitiva do então ministro
de Minas e Energia Bento Albuquerque em outubro de 2021. Uma delas continha
colar de diamantes destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro e foi
apreendida pelos fiscais da Receita no aeroporto de Guarulhos. A caixa estava
na mochila de um assessor de Bento Albuquerque.
Outra
caixa, com relógio, anel e abotoaduras entrou no País sem ser notada. A
terceira caixa fora recebida pelo próprio Bolsonaro em 2019, quando visitou o
governo saudita.
Logo
após a apreensão, ainda em outubro de 2021, o gabinete de Bolsonaro enviou um
ofício ao ministério de Bento falando da necessidade de destinação das joias
para o acervo pessoal ou da presidência. Até o Itamaraty foi acionado para
tentar liberar as joias naquele ano.
Bolsonaro recebeu três caixas de joias. A primeira, com colar de diamantes, seria para Michelle Bolsonaro. Acabou apreendida pela Receita Federal em outubro. As outras duas estavam com o próprio ex-presidente. Uma tinha entrado no País naquele mesmo mês sem ser vista pela Receita Federal. Estava escondida na bagagem de mão da comitiva do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Ela continha um jogo de relógio, anel e abotoaduras.
Uma
terceira caixa havia sido recebida pelo própria Bolsonaro quando visitou aquele
País em 2019. O ex-presidente só admitiu estar com as joias depois que a
existência delas foi noticiada pela Estadão.
As
duas caixas que estavam em seu poder tinham sido guardadas numa fazenda do
ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet em Brasília. Foi para lá que Bolsonaro
despachou caixas com presentes que julgou ser parte de seu patrimônio pessoal.
O
Tribunal de Contas da União (TCU) tem entendimento diferente. Considera que as
peças são um presente dado pelo regime da Arábia Saudita ao representante do
governo brasileiro e fazem parte do acervo público da Presidência da República.
Não pode ser vendidas, nem ficar para uso pessoal do ex-presidente. O TCU
mandou Bolsonaro devolver todas as caixas que estavam em seu poder. A terceira
caixa foi entregue na véspera do depoimento.
Ao
final do depoimento, o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fabio
Wanjgarten, usou sua rede social para dizer que o ex-presidente respondeu a
todas as perguntas feitas pela PF, mas não deu mais detalhes.